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40 anos fez a Revolução do 25 de Abril.
É usual ouvirmos dizer que a nossa democracia é jovem e que ainda estamos a aprender a viver em democracia.
Contudo, tal não me parece correto. Quarenta anos já são anos mais que suficientes para consolidar a democracia.
Ou, pelo menos, deviam ser…
A realidade é, infelizmente, muito diferente. O descrédito da classe política, o abstencionismo, a falta de cidadania ativa, a crise económica com todas as consequências daí decorrentes, são provas de que muito há a caminhar para que os ideais de abril sejam concretizados.
Os jovens desconfiam da política e dos políticos e não se envolvem na vida do país.
Mas a culpa não é só deles. Nós, adultos, temos a obrigação de lhes transmitir valores, mas não estamos a conseguir.
Várias são as razões para esse insucesso: o egoísmo cada vez maior que caracteriza as pessoas; o sistema educativo que desculpabiliza, facilita em demasia e não responsabiliza; mas, também e sobretudo, o mau exemplo que muitas vezes os políticos dão.
Já é quase um chavão a expressão: os políticos são todos iguais, só querem tacho…
E muitas vezes é verdade. Não ao nível autárquico, pois continuo a acreditar que o amor à terra continua a ser a principal motivação para a política. Mas, a nível nacional, proliferam os exemplos de oportunismo: os “jobs for the boys”, as nomeações políticas, os ordenados chorudos, as reformas milionárias…
Mas há uma outra razão que contribui para a falta de credibilidade da política e dos políticos: as promessas incumpridas.
Para se ganharem eleições tudo se promete, investe-se sobretudo nas políticas sociais. Mas depois, quando se chega ao poder, os governos tornam-se como que escravos das doutrinas económicas e esquecem-se das sociais.
Promete-se o desenvolvimento harmonioso do país mas as obras que se anunciam são todas para a mesma área geográfica: Lisboa e Vale do Tejo, o que acentua cada vez mais o caráter centralista dos governos.
As pessoas podem não ser ativas na militância da cidadania, mas estão cada vez mais informadas e não gostam de ouvir sucessivos anúncios de obras que se vão realizar, mas de que nunca se veem os resultados finais.
Isto, depois de serem exigidos sacrifícios quase supremos aos portugueses, como os aumentos dos impostos, a quebra do poder de compra, os cortes salariais e nas pensões.
Assim, nem o país se desenvolve nem conseguimos que as pessoas acreditem na política.
Mas a culpa não é dos homens de abril. Eles sonharam com um Portugal muito melhor: LIVRE, DEMOCRÁTICO E DESENVOLVIDO.
Compete-nos a nós, adultos, políticos, professores, educadores, pais, transmitir uma imagem de COERENCIA E CREDIBILIDADE para que os ideais de abril possam finalmente vingar.
Até à próxima semana.
Saudações leceiras
Joaquim Monteiro
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