Alunos de Matosinhos reinventam provérbio em defesa da igualdade de género

Proverbio reinventado
Partilhe:

Translate

Provérbios, vamos continuar a dar a volta ao texto!


Numa iniciativa divulgada pela Direção Geral da Educação, a Escola Secundária da Senhora da Hora, em Matosinhos, venceu o desafio “Provérbios, vamos continuar a dar a volta ao texto!”, com o provérbio “Quando entre mulher e homem há respeito, tudo no lar corre a preceito”. A proposta, da turma B do 7ºano, recebeu 2383 votos, do total de 3868 votos distribuídos pelo público.

O provérbio vencedor é uma releitura do provérbio tradicional “Mulher que sabe obedecer em casa reina a valer”. A turma B considerou que o provérbio tradicional viola o direito da mulher à sua afirmação, reduzindo-a a um papel meramente subalterno. Nos dias de hoje, esta visão está ultrapassada, uma vez que está consagrada, nos Direitos Humanos, a igualdade entre pessoas, seja na esfera privada ou pública.

A proposta vencedora foi escolhida pelo júri por ser uma releitura criativa e atual do provérbio tradicional. O júri também destacou a importância da reflexão sobre este tema, que é fundamental para a promoção da igualdade e da não-violência de género.

Parabéns à Escola Secundária da Senhora da Hora, à turma B do 7ºano e à professora Maria Marta Brandão pelo seu trabalho e pela sua contribuição para a promoção da igualdade entre mulheres e homens.

A discussão e a reflexão em torno de provérbios vão continuar nas salas de aula do país, com o desafio para o provérbio de Janeiro já aberto!

PROVÉRBIOS A VOTAÇÃO:

Este provérbio reflete duas ideias discriminatórias relativamente à mulher: a primeira, uma visão de falta de liberdade, de isolamento, deixando a claro que a mulher é para estar em casa a trabalhar, sendo que a liberdade e independência se destinam ao homem; a segunda, uma predestinação da mulher para as lides domésticas, antevendo-se que há tarefas destinadas à mulher e outras, possivelmente mais prestigiantes, ao homem. Uma mulher pode ser sociável, comunicativa e muito competente naquilo que faz, o que não se pode reduzir de forma alguma às tarefas domésticas, pelo que propomos a alteração do provérbio.


Neste provérbio a igualdade de género não é respeitada, pois deduz-se que, quando duas pessoas decidem unir as suas vidas, uma delas vai mandar e o outro obedecer. O uso deste provérbio incentiva à submissão de uma pessoa, perante outra. Esta ideia é errada e ultrapassada. As pessoas que decidam unir as suas vidas devem pensar por si próprias e viver em harmonia, respeitando o seu (sua) companheiro(a).


As leis eram feitas pelos homens para os favorecer e não as mulheres. As mulheres apenas tinham um papel de submissão de trabalho para com os homens. A mulher não se manifestava quanto à dinâmica da vida social, apenas servia como instrumento de trabalho.


Neste provérbio é bem evidente a desigualdade de género e a menorização do papel da mulher relativamente ao que faz e/ou diz. Está aqui bem patente a não aceitação da opinião da mulher, assim como o desprezo para quem a ouve. Atualmente, a mulher desempenha um papel cada vez mais abrangente na sociedade, e a sua “voz”, fundamentada, é ouvida e respeitada a nível global.


Este provérbio espelha bem que há uma violação do direito da mulher à sua afirmação, reduzindo-a a um papel meramente subalterno. Nos dias de hoje, esta visão está ultrapassada, uma vez que está consagrada, nos Direitos Humanos, a igualdade entre pessoas, seja na esfera privada ou pública.


A mulher não precisa estar sempre arrumada e muito menos agradar a todos com a sua aparência, nós concordamos que a mulher deve se cuidar e cuidar da sua saúde, mas não por uma questão de ser feia ou bonita, mas por uma questão de auto-estima e auto-cuidado.


O provérbio afirma que a beleza é o factor fundamental para uma mulher ter um boa vida de riqueza. O provérbio deve ser reescrito pois ele mede a mulher não pela sua capacidade e sim bela sua beleza. Escolhemos este provérbio para mostrar que independente de bonita, feia, rica ou pobre, não deve ser a beleza um item de sucesso e sim a força de vontade e dedicação ao que ela quiser ser. Avaliar uma mulher pela sua característica física é diminuir qualquer conquista da mulher.


O provérbio destaca a ideia de que a relação com os netos pode variar dependendo de quem são os pais (filhos ou filhas), sugerindo que, enquanto a relação avoenga das filhas é clara e inquestionável, a relação com os netos dos filhos pode ser mais sujeita a considerações adicionais ou a circunstâncias específicas. Pode refletir nuances nas dinâmicas familiares e nas expectativas culturais associadas aos papéis do homem e da mulher na família. O provérbio pode ser considerado sexista ao perpetuar e reforçar estereótipos de gênero. A dúvida sobre quem possa ser o pai da criança colocou a mulher numa posição de híper vigilância por parte da família e da sociedade, como garantia da linhagem masculina. Isso reflete uma visão tradicional que muitas vezes limita as oportunidades e define papéis específicos para homens e mulheres, contribuindo para a manutenção de estereótipos de gênero. Essa versão modificada do provérbio apresenta uma abordagem mais inclusiva e equitativa, contribuindo para uma visão menos sexista das relações familiares. Reconhece-se explicitamente que a afeição e a devoção são as mesmas, independentemente do gênero dos pais. Trata-se de uma possibilidade que atribui mais liberdade à mulher, pois para efeitos de afeto é irrelevante quem possa ser o pai da criança. Desta forma, promove-se uma visão mais saudável das relações familiares e desafiam-se os estereótipos de género.



Partilhe: