Casa da Memória de Matosinhos vai instalar-se no palacete Visconde de Trevões

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Não será apenas um museu ou um simples centro documental ou uma biblioteca especializada. A Casa da Memória, que o executivo da Câmara de Matosinhos deliberou instalar no Palacete Visconde de Trevões, será tudo isso e ainda um espaço onde miúdos e graúdos poderão conhecer e investigar as raízes, a história e a identidade do concelho matosinhense. Raízes e histórias essas que no ano de 2014 estiveram a ser abundantemente celebradas, com as comemorações dos 500 anos de atribuição do foral manuelino que instituiu o concelho. A peça-chave dessas comemorações – o foral propriamente dito, e que pode ser visitado pelo público até final do mês de Fevereiro na Galeria Nave, na exposição “15 Tesouros da História de Matosinhos” – deverá integrar o espólio desta Casa da Memória. “O foral foi emprestado pela Câmara do Porto sem data de devolução”, confirmou ao PÚBLICO o vereador da cultura do município, Fernando Rocha.

Depois de já ter sido tanta coisa – desde sede de associações a biblioteca municipal, passando por residência particular de brasileiros “torna-viagem”, como foi o caso de Ló Ferreira – o Palacete será agora mais uma peça chave no chamado “centro cívico” da cidade de Matosinhos. A decisão de usar este antigo edifício como Casa da Memória foi tomada numa das últimas reuniões do executivo deste ano, altura em que foi também aprovado o lançamento de um concurso público para a adaptação do interior do edifício a estas novas funcionalidades.

“Esta Casa vai contar a história de Matosinhos, desde os tempos mais remotos até aos dias de hoje, passando por espaços muito bem definidos no tempo e com recurso a a tecnologia e a interactividade”, sintetiza Fernando Rocha, admitindo que a exposição “15 Tesouros da História de Matosinhos” – foi um “assumido tubo de ensaio” para esta exposição que se quer definitiva. Recusando a ideia de que a Casa da Memória venha a ser um “simples museu”, o autarca fala antes de “um espaço de portas abertas, com muita tecnologia e muitos espaços remissivos, que remetem para outros pontos dentro do território”.

“É um espaço de estudo, de investigação e de interpretação, que vai ter serviço educativo diário e actividades permanentes”, anunciou o vereador.

Segundo o vereador, tratam-se de obras que deverão demorar poucos meses, com um orçamento a rondar os 300 mil euros, e que se destinam a intervenções unicamente no interior, já que o exterior foi recentemente renovado. Mas Fernando Rocha não espera que a Casa da Memória possa ser aberta ao público antes do início de 2016. Se as obras podem não demorar mais do que quatro meses, já montar e catalogar o espólio, bem como transferir alguns serviços municipais vai demorar o seu tempo.

Com esta decisão, acaba por cair por terra a intenção há muito sido anunciada de instalar o Museu da História do concelho no Palacete da Quinta da Conceição. A utilização desta imóvel, situado entre o edifício da Câmara e da Biblioteca Florbela Espanca, acaba também por ser o local “ideal” para albergar os serviços da autarquia relacionados com a memória histórica do concelho.

Entre os serviços a transferir está o Gabinete Municipal de Arqueologia e História, a MuMa-Rede de Museus de Matosinhos, o Serviço de Gestão da Colecção de Arte Municipal e ainda o Fundo Fotográfico do Arquivo Histórico Municipal que integra muito do espólio de Armando Leça, pseudónimo de Armando Lopes, um maestro, compositor e folclorista, autor de uma importante recolha etnográfica.

De acordo com a proposta aprovada em executivo, ao nível do rés-do-chão do edifício haverá gabinetes de trabalho para investigadores não residentes e algumas salas de trabalho para usufruto do serviço educativo e também um espaço onde possa ser contada a história do próprio palacete Visconde de Trevões e do papel crucial que ele teve na definição do Centro Cívico da cidade – já que foi a sua existência que ajudou a vitória do projecto de Alcino Soutinho no concurso para a construção do edifício dos Paços do Concelho. Coutinho poupou o palacete, enquanto noutras propostas se defendia que ele fosse demolido. O primeiro andar seria ocupado com os gabinetes para os técnicos e terá quatro salas para exposição temporárias. A exposição permanente deverá ocupar todo o segundo andar do edifício, onde estão as salas de maiores dimensões.

A Exposição Permanente, que abarca uma sequência narrativa sobre o território e povoamento de Matosinhos vai subdividir-se em vários módulos temáticos, que começam nas primeiras comunidades humanas do paleolítico, passam pelos castros, pelo império romano e pelos tempos medievais, até chegar à época dos descobrimentos e à idade moderna.

in Público


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