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Casa de família do arquiteto é nova residência artística da Casa da Arquitectura
A casa da família do arquiteto Álvaro Siza, em Matosinhos, é, desde 24 de fevereiro, uma Residência Artística que irá acolher investigadores, curadores e arquitetos.
O espaço será gerido pela Casa da Arquitectura – Centro Português de Arquitectura e irá funcionar como um polo dinamizador do estudo e investigação em torno da arquitetura contemporânea e dos acervos que se encontram ao cuidado do arquivo da instituição.
Para o efeito, foram necessárias obras de adaptação, que foram acompanhadas por Álvaro Siza. O investimento foi realizado e suportado pela Câmara Municipal de Matosinhos.
Na manhã de 24 de fevereiro, na cerimónia de entrega do edifício à Casa da Arquitectura, marcaram presença Álvaro Siza e a sua irmã, Teresa Siza, que ali viveram durante a sua infância e juventude. Presentes na sessão estiveram também o Vereador da Cultura, Fernando Rocha, a Vereadora do Desenvolvimento Económico, do Comércio e Turismo, Marta Pontes, o diretor-executivo da Casa da Arquitectura, Nuno Sampaio, o presidente da união das freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, Paulo Carvalho, entre outros convidados.
Construída em meados do século XIX, a casa, localizada na Rua Roberto Ivens, foi remodelada em 1961 pelo próprio Álvaro Siza, a pedido dos seus pais.
“Do ponto de vista concecional, isto é obra do meu pai. Se fosse hoje, não teria feito assim”, contou, referindo-se, por exemplo, ao pavilhão que projetou para o jardim da casa.
Em 2007, o imóvel foi adquirido pela Câmara Municipal de Matosinhos que, depois de uma empreitada de reabilitação, também supervisionada por Álvaro Siza, ali instalou, em 2009, o Centro de Documentação Álvaro Siza. No mesmo espaço funcionou a sede da Casa da Arquitectura até 2017, ano em que se transferiu para as atuais instalações, na Real Vinícola.
“Matosinhos é hoje o município onde se respira arquitetura e isso deve-se ao facto de sermos a terra de Álvaro Siza”, afirmou a Presidente da Câmara Municipal.
Luísa Salgueiro admitiu a emoção de “vermos este espaço, onde Álvaro Siza começou a fazer os seus primeiros trabalhos, ser recuperado e agora devolvido à comunidade”. Também Álvaro Siza reconheceu que “é bom ver que, numa cidade, há um interesse pela arquitetura e que há o propósito de manter, de recuperar e de conservar”.
Já o presidente do Conselho de Administração da Casa da Arquitectura salientou a “importância desta casa para Matosinhos e para Portugal”. “Para nós, é muito importante juntar ao nosso património a casa da família de Álvaro Siza no centro histórico de Matosinhos. Vai servir a arquitetura, a arte e a cultura, nacionais e internacionais, pois vai fazer parte da nossa estratégia de internacionalização. Vamos abrir a casa aos nossos amigos do mundo para que venham cá e tenham a experiência de viver na casa onde viveu a família de Álvaro Siza”, explicou.
Álvaro Siza Vieira
Álvaro Siza Vieira, recorde-se, nasceu em Matosinhos a 25 de junho de 1933 e estudou Arquitetura na Escola Superior de Belas Artes do Porto entre 1949 e 1955.
É autor de inúmeros projetos espalhados por todo o mundo. Em Portugal, destacam-se as vivendas no Bairro da Malagueira em Évora, a Faculdade de Arquitetura do Porto, o Centro Paroquial de Marco de Canavezes, o Museu de Serralves, o Pavilhão de Portugal da Expo’98 em Lisboa, a recuperação do Chiado, entre muitas outras.
Em Matosinhos, deu os seus primeiros passos com a edificação do seu projeto “4 Casas”. Ainda em Matosinhos, a Piscina da Quinta da Conceição (1958-1965), a Piscina das Marés (1961-1966), a Casa de Chá da Boa Nova (1958-1965), a marginal de Leça da Palmeira (2006) são exemplos das suas obras mais emblemáticas.
A Câmara Municipal de Matosinhos atribuiu-lhe em 1988 a Medalha de Mérito (Dourada) e em 2007 a Medalha de Honra (Ouro) e o Título de Cidadão Honorário.
Da sua vasta lista de distinções destacam-se ainda o Prémio de Arquitetura da Associação Internacional de Críticos de Arte (1982), o Prémio de Arquitetura da Associação dos Arquitetos Portugueses (1987), a Medalha de Ouro de Arquitetura do Conselho Superior dos Colégios de Arquitetos de Espanha (1988), o Prémio Mies van der Rohe (1988) e Prémio Pritzker, da Fundação Hyatt, pelo projeto de renovação na zona do Chiado, em Lisboa (1992).
Em 2019, o arquiteto Álvaro Siza Vieira recebeu o Grande Prémio de Arquitetura da Academia de Belas Artes Francesa e o Prémio Nacional de Arquitetura espanhol.
