Eleições: hábitos que tardam em mudar…

Eleições em Leça
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Joaquim MonteiroPassados mais de 40 anos da Revolução do 25 de abril de 1974, do denominado «Dia da Liberdade», parece que muitos portugueses ainda não compreendem a importância que tem um ato eleitoral e dos hábitos inerentes a esse ato.
Não pretendo abordar hoje a questão da abstenção até porque já o fiz em outros artigos. Como escrevi na altura, uns podem ter a “desculpa” de terem nascido depois da «Revolução dos Cravos», de nunca terem vivido sem liberdade e, desta forma, não lhe darem a devida importância. Outros, ter-se-ão acostumado a viver sem liberdade e 40 anos parece que ainda não foram suficientes para alterar certos hábitos.

Ontem estive nas mesas eleitorais e continuei a assistir a dúvidas e situações criadas por eleitores que, creio, já deveriam estar banidas há muito tempo, pois tudo está preparado para que ninguém se sinta limitado no exercício do seu direito de voto.

É do mais elementar bom senso que quem vai ao banco tratar de certo assunto leve a caderneta bancária, quem vai à repartição de finanças leve o número de contribuinte, quem vai conduzir leve a carta de condução e, quem vai votar leve o cartão de eleitor. Claro que pode acontecer um esquecimento, um engano no documento que se pega, às vezes apressadamente, mas com tanta frequência como vemos acontecer nas mesas de voto, não é normal.

Após 40 anos de democracia também já era expectável que as pessoas soubessem que quando exercem o direito de voto devem identificar-se. Não é obrigatório que seja o bilhete de identidade/cartão de cidadão, basta que seja um documento institucionalmente reconhecido que tenha a foto e selo da instituição (passe, cartão de sócio de clube, cartão da biblioteca, da escola, etc.). E mesmo que tal falte, ainda pode ser identificado por duas testemunhas ou pelos membros da mesa, mas tal só deve acontecer em situações muito especiais e não por norma.

Também todos ouvimos histórias de pessoas que afirmam não ter exercido o seu direito/obrigação de voto por não levar o cartão e não ter o número de eleitor.

[h2]Tecnologia ao serviço das eleições[/h2]

Hoje em dia tal parece-me de todo descabido. Vivemos na era da informática onde uma simples consulta nos permite saber o nosso número de eleitor e a freguesia onde exerceremos o nosso direito de voto. Há quem me diga que muita população leceira ainda não sabe conviver bem com computadores ou não têm acesso aos mesmos. Até pode ser, mas há sempre a possibilidade do telemóvel, pois com uma simples mensagem (sms) podemos obter o nosso número de eleitor. Ou então há sempre a possibilidade de se deslocar ao edifício da Junta de Freguesia e obter aí o seu número de eleitor. É uma simples consulta que demora menos de um minuto e os funcionários da Junta, sempre disponíveis e solícitos, fazem-no facilmente. Mas se por acaso uma pessoa tenha andado muito distraída e não se tenha apercebido que não tem cartão de eleitor e não sabe o número, no próprio dia das eleições, nos locais de voto, há pessoas que estão disponíveis para dar a informação necessária.

Outra confusão prende-se com a numeração das mesas. Após a união das freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira é lógico que também a sua numeração tenha sido alterada. As primeiras 26 são de Matosinhos e as de Leça começam no número 27. Esta dúvida não me custa tanto pois a alteração ainda é algo recente, mas creio que era tempo de as pessoas se habituarem. No entanto, parece-me que mais grave é o haver pessoas de Leça que têm de votar em Matosinhos e vice-versa, o que pode provocar um certo desconforto pelo facto de a deslocação até ao local de voto ser maior. Mas também aqui creio que há um certo comodismo das pessoas pois basta ir à Junta de Freguesia e efetuar a troca.

Até à próxima semana.

Saudações leceiras

Joaquim Monteiro


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