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Estamos a menos de um mês das eleições legislativas. Após um longo período de sacrifícios exigidos aos portugueses, estas eleições revestem-se de uma importância extrema.
A campanha eleitoral ainda não teve início e já se avolumam os acontecimentos que servem para distrair os portugueses, que procuram fazer com que se dê importância ao acessório e se esqueça o que é realmente importante.
De início foram as questões ligadas aos outdoors, aos cartazes. Figura para cima, figura para baixo, autorização para cima, autorização para baixo, creio que não era necessário fazer tanto «barulho» por esta questão. Não que os visados não tenham direito a sentir-se usados pela publicação das suas fotos sem autorização, mas porque durante duas semanas não se falou de outra coisa e as propostas dos partidos, que devem ser a notícia principal, passaram completamente ao lado.
Depois foi a libertação de José Sócrates. Dá-se mais relevo ao que se passa na casa onde se encontra o ex-primeiro ministro do que ao que dizem os candidatos a primeiro ministro e que, ganhando as eleições, serão os responsáveis pela orientação do país, numa altura crucial em que o próprio projeto europeu pode estar em causa. Ainda hoje, vi numa estação televisiva, em rodapé, com destaque de última hora, que António Guterres tinha visitado José Sócrates. Havia necessidade de tanto destaque a esta notícia?!!!
Agora é o futebol. Pela primeira vez, em mais de 40 anos de democracia, vamos ter futebol em dia de eleições. E não um jogo qualquer. Os três ditos grandes, Porto, Benfica e Sporting, jogam no domingo do ato eleitoral. Pode não ser proibido e a Comissão Nacional de Eleições (CNE) não poder fazer nada, mas parece-me que tal facto revela uma total falta de respeito dos clubes de futebol pela vida do país.
Numa altura em que muitos se sentem descontentes com a política e os políticos, em que facilmente se esquece que o voto é a arma do povo e que votar é mais do que um direito, é também uma obrigação, tudo o que pode distrair do essencial devia ser reduzido ao máximo.
Espero que os portugueses, no dia 4 de outubro, deem uma lição de cidadania e não se escusem de exercer o seu direito de voto. Alguns dirão que a abstenção é também uma forma de voto, de contestação aos políticos. Até podia ser, se não fosse a impossibilidade de separar quem se abstém por convicção dos que o fazem por comodismo.
Nestas eleições teremos cerca de uma quinzena de partidos a sufrágio. «Há-os para todos os gostos», como diz o povo. Com certeza que todos terão a possibilidade de se identificar mais com as propostas de um partido. Por isso, não votar, espero que não seja opção.
Já agora, gosto do apelo ao voto do anúncio da CNE que ouço regularmente no Antena 1. Está simples e direto.
Até à próxima semana.
Saudações leceiras
Joaquim Monteiro
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