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A ano e meio das autárquicas, líder da concelhia (à direita na imagem) anunciou disponibilidade para avançar, para evitar que independentes patrocinem candidatura.
As eleições autárquicas em Matosinhos prometem fazer correr muita tinta. O PS não quer reeditar guerras fratricidas que deixaram feridas profundas na família socialista, mas a disponibilidade manifestada há dias pelo líder da concelhia e vereador, Ernesto Páscoa, para protagonizar uma candidatura à presidência do município, foi recebida com muita preocupação e deixou muitos socialistas inquietos.
Com o partido envolvido no processo eleitoral para as distritais, marcado para o mês de Março, Ernesto Páscoa antecipa-se e, a um ano e meio das eleições autárquicas, marca terreno. Num concelho que sempre foi um bastião socialista, o PS está empenhado em reconquistar a presidência da câmara de Matosinhos, mas para isso não pode cometer erros.
Ao PÚBLICO, o líder concelhio reconhece que a sua decisão, anunciada no final da semana passada numa reunião onde o tema das eleições autárquicas não constava da ordem de trabalhos, precipitou o calendário, mas acrescenta que se não sinalizasse a sua posição outros o fariam. “O que eu fiz foi aclarar as águas, evitando especulações relativamente a possíveis nomes de candidatos”, afirma.
A sua grande preocupação é que o actual presidente da câmara, Guilherme Pinto, que em 2005 abandonou o partido para se candidatar como independente à presidência da câmara, patrocine uma candidatura que comprometa uma vitória do PS.
Discordando daqueles que o acusam de não se ter preocupado com o facto de o partido estar envolvido num processo de eleições internas, Ernesto Páscoa responde que a “ única crítica” que lhe fazem é a de ter anunciado a sua decisão. “Anteontem, na reunião do secretariado da concelhia, a única acusação que me fizeram foi essa”, diz, assumindo-se como um “candidato agregador, capaz de unir o partido”.
[h2]Ernesto Páscoa não vê o PSD de Matosinhos como uma preocupação[/h2]Seja como for, Páscoa tem consciência de que o processo autárquico não passa exclusivamente por si, longe disso. E a presença de Manuel Pizarro, candidato à liderança do PS-Porto, na reunião de quarta-feira não foi um acaso. É que nesta equação eleitoral, a federação terá uma palavra decisiva e seguramente não abdicará de encontrar uma candidatura que considere vencedora. O autarca está convencido de que Guilherme Pinto será também envolvido na escolha que o PS fizer para Matosinhos.
Apesar da polémica que se gerou por estes dias, o dirigente concelhio admitiu ao PÚBLICO que a sua decisão não está fechada e que se a escolha vier a recair na deputada Luísa Salgueiro, ou em António Parada [que foi convidado para ser adjunto do secretário de Estado das Pescas], estará disponível para negociar. “Eu fiz um anúncio, e quero ser candidato, mas se houver outros candidatos como Luísa Salgueiro estou disposto a negociar com todos.
O meu objectivo é evitar que haja uma candidatura da área de Guilherme Pinto ou de outro lado qualquer”, salienta. “Não temos condições para mais clivagens internas, nem para reeditar guerras fratricidas.”
Sobre uma eventual candidatura de Luísa Salgueiro, o líder da concelhia só lamenta que o partido deixe de ter um representante na Assembleia da República. “O ideal era o PS ter dois deputados no Parlamento como já aconteceu [numa alusão a Manuel Seabra], mas o actual presidente da distrital, José Luís Carneiro, não entendeu assim”, lamenta, reafirmando a sua disponibilidade para não avançar se houver um entendimento. “Estou convencido que se o candidato for credível e se não houver um candidato independente, o PS voltará a ganhar a câmara em 2017”.
Páscoa não vê o PSD de Matosinhos como uma preocupação e acredita que a escolha dos sociais-democratas para a câmara possa até passar por uma figura de fora do concelho.
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