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Matosinhos celebra este ano os 500 anos do seu foral.
Sendo eu licenciado em História não posso ficar indiferente às iniciativas que são desenvolvidas no sentido de nos fazer recordar o nosso passado. Como habitualmente se diz «um homem sem passado não tem futuro».
Neste caso concreto de Matosinhos estamos a falar da sua carta de foral, concedida pelo rei D. Manuel I, em 1514. Para quem não sabe, o foral era um documento concedido pelo rei ou pelos senhores, que atribuía aos concelhos alguns deveres, como o pagamento de impostos, e alguns direitos, como a eleição dos que iam exercer o poder no concelho, os denominados homens-bons.
A Câmara Municipal de Matosinhos resolveu comemorar esta data simbólica com uma grande exposição. Grande não no sentido da quantidade de objetos expostos, mas GRANDE pelo enorme valor das peças expostas.
[h2]Exposição[/h2]
Assim, até ao próximo dia 28 de fevereiro de 2015, na Galeria Nave dos Paços do Concelho (cave do edifício da Câmara), excetuando aos domingos, os matosinhenses e não só, podem observar alguns objetos de enorme valor histórico e patrimonial.
Relembro que Matosinhos é um concelho riquíssimo em História. Nas diferentes freguesias deste concelho podemos encontrar vestígios de praticamente todas as épocas históricas, tal como já referi em artigos anteriores. Desde o castro de Guifões, passando pelas salgas e pontes romanas, pelas sepulturas medievais, pelo mosteiro de Leça do Balio, pelas igrejas belíssimas, pelos museus e acabando nos edifícios de arquitetura contemporânea.
Matosinhos é, sem dúvida alguma, um concelho com História.
[h2]Objetos em exposição[/h2]
Nesta exposição -15 Tesouros de Matosinhos, podemos ver a própria carta de foral assinada pelo rei D. Manuel, coisa que há muitas décadas não acontecia. Mas podemos observar também com muita atenção a chave de ouro do cofre enterrado sob o obelisco da Praia da Memória, a tapeçaria que relata a lenda do Senhor de Matosinhos, obra de Guilherme Camarinha, uma ânfora romana recolhida ao largo de Leixões e o desaparecido painel de azulejos que se encontrava na entrada da fábrica que marcou o arranque da industrialização em Matosinhos.
Podemos ver, igualmente, outras obras de arte, de diferentes épocas, destacando eu, a estátua da Nossa Senhora da Conceição, de Leça da Palmeira. Oferecida pelo rei D. Afonso V ao Convento franciscano de Santa Maria da Conceição (atual Quinta da Conceição), representa a Virgem Maria com o Menino Jesus ao seu colo e encontra-se na igreja de Leça da Palmeira desde 1852, ano em que ocorreu a extinção das ordens religiosas.
[h2]Personalidades[/h2]
Mas esta exposição procura destacar, igualmente, algumas das personalidades que marcaram a História de Matosinhos. Assim, podemos também encontrar 15 nomes de personalidades que deixaram o seu nome ligado a este concelho em diferentes áreas, como sejam Óscar Lopes, Passos Manuel, Florbela Espanca e Abel Salazar.
Simultaneamente, decorrerá um ciclo de conferências, sendo a primeira no próximo dia 18 de novembro, subordinada ao tema «Portugal e a região na Grande Guerra», por Sérgio Veludo (Escola Superior de Educação). O Programa completo das conferências pode ser consultado na página oficial da Câmara Municipal de Matosinhos.
Desde o seu início, em 30 de setembro e até ao final de outubro, já 1295 pessoas visitaram esta exposição. Por tudo o que acima referi, creio que vale bem a pena, mesmo para quem não é de Matosinhos. Por isso, não perca esta oportunidade única.
Até à próxima semana.
Saudações leceiras
Joaquim Monteiro
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