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Leça da Palmeira é, enquanto a ronda da Taça não termina, a terra mais bonita de Portugal. Cantavam os Expensive Soul, repete este que vos escreve.
Com um coração enorme e e com qualidade quanto basta, o Leça voltou a fazer Taça e afastou o Gil Vicente (1-0) depois de ter feito o mesmo diante do Arouca na ronda anterior.
O herói dos leceiros é uma antiga promessa do Sporting que nunca atingiu o potencial que se lhe reconhecia: Diogo Rosado. Um momento de génio atirou o emblema de Leça da Palmeira para a ribalta e mantém o sonho da Taça bem vivo.
O resultado é, sublinhe-se, justo.
Outrora primodivisionário, Leça reviveu outros tempos. Apesar do horário invulgar, viajou-se no tempo e recuperaram-se os dias em que os leceiros lutavam de igual para igual com os clubes da Liga. Imbuídos do mesmo espírito, os jogadores do emblema de Matosinhos defrontaram olhos nos olhos o Gil Vicente.
O terceiro classificado da Série C do Campeonato de Portugal agarrou-se às armas que tinha e poderia, inclusive, ter chegado ao intervalo na frente. No entanto, Brian Araújo impediu o golo de Diogo Rosado. O Leça usava e abusava das saídas rápidas e foi assim, por exemplo, que somou mais um par de avisos por Henrique Martins e Miguel Lopes.
Há qualidade no quarto escalão do futebol português – era o grito do Leça no relvado.
Por outro lado, o Gil Vicente teve bola, circulou, circulou, tocou e tocou, mas invariavelmente não encontrou soluções para assustar Gustavo Galil. Dois remates totalmente desenquadrados com a baliza adversária ao fim de uma parte são curtos pela quantidade de bola que os gilistas tiveram e pela diferença entre os dois emblemas. Exigia-se muito mais à equipa de Ricardo Soares para a segunda parte.
Ainda assim, foi o Leça quem entrou melhor na segunda parte. Em cinco minutos, a equipa do quarto escalão deixou dois avisos ao Gil por Miguel Lopes e Nuno Barbosa – Brian segurou os dois remates.
As duas situações de perigo tiveram o condão de despertar os gilistas que arrepiaram caminho e não tardaram em responder. Se Brian mostrou seguro, Gustavo Galil – herói da ronda anterior – mostrou-se à altura perante as tentativas de Hackman e de Élder Santana. Ricardo Soares sentia a sua equipa por cima e por isso, lançou Samuel Lino e Fujimoto.
Nem houve tempo para ver em prática o que o técnico do Gil Vicente imaginou. Quatro minutos depois das duas alterações, o Leça marcou. UM G-O-L-A-Ç-O! Diogo Rosado, lembra-se? Os anos passaram pelo médio formado no Sporting, mas o talento continua intacto. Numa saída rápida do Leça, aos 65 minutos, Miguel Lopes descobriu Rosado na esquerda e este atirou ao ângulo da baliza do Gil!
Cheirava a Taça em Leça. Outra vez.
Nem com Fran Navarro em campo e com o Leça, sobretudo a defender no seu meio-campo, o Gil foi capaz de empurrar o jogo para prolongamento. O emblema de Barcelos usou e abusou dos cruzamentos e só num lance fortuito de Lino assustou Galil.
A vitória e a capa de heróis assenta muito bem aos homens do Leça.
FICHA DE JOGO
Estádio do Leça FC
Árbitro: Cláudio Pereira
Golos: Diogo Rosado (65m)
Leça: Gustavo Galil, Materazzi, Kiki Ballack (Max, 88m) e Rui Bruno; Joel Mateus, Henrique Martins, Diogo Ramalho, Diogo Rosado e Milhazes; Miguel Lopes (Jorge Monteiro, 71m) e Nuno Barbosa.
Suplentes Leça: João Pinho, Paulo Lopes, Luís Neves, Nani e Aboubacar;
Gil Vicente: Brian, Hackman (Zé Carlos, 67m), Lucas Cunha, Maidana e Henrique Gomes (Fran Navarro 79m); Pedrinho, Vítor Carvalho (Aburjania, 79m) e Matheus Bueno (Fujimoto, 61m); Murilo, Santana e Bilel (Samuel Lino, 61m).
Suplentes Gil: Frelih e Boubacar Hanne.
Disciplina: cartão amarelo a Miguel Lopes (28m) Hackman (38m), Diogo Rosado (42m), Kiki Ballack (58m), Nuno Barbosa (69m), Zé Carlos (79m) e Lucas Cunha (93m),