Translate
A Galp vai concentrar a atividade de refinação na Refinaria de Sines e deixar as operações de produção da Refinaria de Matosinhos.
A decisão, comunicada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) esta segunda-feira, é justificada pelas “alterações estruturais dos padrões de consumo de produtos petrolíferos motivados pelo contexto regulatório e pelo contexto covid-19”.
“Foi decidido concentrar a atividade de refinação na Refinaria de Sines, dando início ao processo de descontinuação das operações de produção da Refinaria de Matosinhos, mas mantendo a sua atividade enquanto infraestrutura logística”, lê-se num comunicado interno enviado pela Galp aos seus colaboradores, a que o JN teve acesso.
“É uma decisão complexa e difícil que ocorre depois de muita ponderação, mas torna-se inevitável em face da ausência de resiliência e sustentabilidade perante o contexto em que estamos inseridos”, sublinha a empresa.
É também “uma decisão que, nas últimas décadas, havia sido equacionada em algumas ocasiões”, recorda a Galp, “mas que nem por isso surge com menor tristeza, e que se torna ainda mais difícil pelo tempo e pela realidade que vivemos”.
“Para os que trabalham ou colaboram com a Refinaria de Matosinhos” a empresa acrescenta que vai “promover as soluções mais adequadas”.
A Galp refere aos colaboradores que “durante o ano que agora termina assistiu-se a uma consolidação clara de um contexto favorável à transição energética, que contribuiu para acelerar a migração da procura de combustíveis fósseis para soluções de energia de menor intensidade carbónica”, relembrando ainda “as prioridades da atual Comissão Europeia refletidas nas exigentes metas de descarbonização para 2030 e de neutralidade carbónica para 2050”.
No comunicado enviado à CMVM, a Galp refere que “continuará a abastecer o mercado regional mantendo a operação das principais instalações de importação, armazenamento e expedição de produtos existentes em Matosinhos” e que está a “desenvolver soluções adequadas para a necessária redução da força laboral e a avaliar alternativas de utilização para o complexo”.
“O aprovisionamento e a distribuição de combustíveis no país não serão impactados por esta decisão”, assegura a petrolífera.
A Galp diz ainda que se vai focar “no aumento da resiliência e competitividade do complexo industrial de Sines, com uma capacidade de processamento de crude de 200kbpd e equipado com unidades de maior conversão, estando em análise iniciativas com vista ao aumento da sua eficiência processual e energética, bem como a integração da produção de biocombustíveis avançados e de outros produtos com baixo teor de carbono e maior valor acrescentado”.
“Os investimentos potenciais associados a estas iniciativas poderão ser suportados pelas poupanças da reestruturação em curso e pelos mecanismos de apoio à transição energética”, acrescenta a empresa.
No passado dia 11, o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente (Site-Norte) tinha alertado para a “incerteza” quanto ao futuro da refinaria de Matosinhos, onde a produção de combustíveis está suspensa “indeterminadamente” e a monobóia desativada.
in JN