Janeiro em Leça da Palmeira

Grupo JMJ - Polónia
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Joaquim MonteiroDiz o velho ditado popular que  tradição já não é o que era.
A interpretação que vulgarmente se faz deste ditado vai no sentido de que as pessoas já não sentem o passado como antigamente, que já não dão valor ao que se fez nos tempos idos.
Tal acontece não porque as pessoas sentem qualquer repulsa pelo passado, mas pelo simples facto de viverem situações novas e de terem de conviver com elas.

Nos últimos dois ou três anos, o mês de janeiro, em Leça da Palmeira, tem sido marcado por situações novas –  entenda-se em função dos tempos contemporâneos e não pelo decorrer dos tempos – que têm deixado a sua marca na população leceira.

Uma das situações é o mau tempo. Desde há três anos que o mês de janeiro tem sido agreste para as gentes leceiras. Uma vezes são as marés vivas e o mar que entra pela terra dentro destruindo tudo; outras vezes são as saraivadas com pedras que parecem bolas de golfe e que marcam os estores das casas e os veículos; outras vezes os ventos fortes que arrancam telhados e chaminés; ou então trombas de água que provocam inundações.

Claro que não podemos prever com total precisão estes acontecimentos. Mas podemos ir prevenindo os efeitos que tais calamidades têm junto das pessoas. Manter os bueiros das ruas limpos, pensar adequadamente as obras efetuadas para que não prejudiquem a circulação de veios de água, executar obras que sejam mais funcionais do que decorativas, alertar a população para as medidas a tomar antes dos acontecimentos, são exemplos do que as autoridades podem e devem fazer, nomeadamente a proteção civil.

Assistindo às noticias que aparecem nos meios de comunicação social ficamos todos com a sensação que 80% ou mais dos efeitos do mau tempo, em qualquer zona do país, Leça da Palmeira incluída, poderiam ser atenuados – não digo evitados – se os serviços municipais de proteção civil desempenhassem eficazmente as suas funções.

Uma segunda situação que tem marcado o mês de janeiro em Leça da Palmeira tem sido o cantar das janeiras. Não me refiro ao simples cantar de janeiras pelos restaurantes de Leça, aproveitando os jantares de Natal de grupos de amigos, empresas, escolas, etc., que são aproveitados por ranchos folclóricos, tunas académicas e grupos de jovens como meio de angariação de fundos.

Refiro-me ao cantar de janeiras pelas ruas de Leça, percorrendo diversas artérias, algumas das mais antigas, com poucas casas. Tem sido feito pelo grupo de jovens da paróquia e tem sido um sucesso. É claro que os jovens o fazem com o propósito de angariar fundos para a sua ida à Polónia, onde vão participar nas Jornadas Mundiais da Juventude com o Papa Francisco. Mas a reação das pessoas é marcante e deve ser tida em consideração. Não nos podemos esquecer que grande parte da população leceira não é nativa. Grande parte dos leceiros vieram morar para Leça da Palmeira porque trabalham aqui ou nos concelhos limítrofes. Muitos vieram de aldeias pequenas onde era normal o cantar de janeiras e agora ficam completamente boquiabertos ao ver cantar as janeiras em Leça, numa cidade grande, como alguns dizem.

No ano passado percorreram poucas ruas e houve reclamações de pessoas que também gostavam de ouvir as janeiras nas suas ruas. Este ano já largaram as áreas e já percorreram cerca de dois terços da freguesia. Para o ano espero que se consiga percorrer toda a freguesia. A reação das pessoas, principalmente das crianças, assim o exige. Vale a pena ver o olhar das crianças que abrem as portas ou as persianas dos seus andares, seguido do sorriso de interrogação e ao mesmo tempo de satisfação.

Janeiro é um mês longo.

Até à próxima semana.

Saudações leceiras

Joaquim Monteiro


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