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Há uns dias fui abordado na rua por um automobilista que pretendia saber onde ficava a rua José Augusto de Almeida Cayolla. Não lhe soube dar a indicação que pretendia.
Confesso que fiquei um bocado chateado por não ter conseguido ajudar a pessoa em questão. Mas ainda mais chateado fiquei quando cheguei a casa e fui ver onde fica tal rua. Não é que fica a pouco mais de 50 metros de minha casa, na denominado Bairro Social do Monte Espinho!
A verdade é que mesmo os leceiros mais antigos, nos quais já me incluo, que sabem de cor e salteado os nomes das ruas mais antigas, têm dificuldade em saber os nomes das novas artérias que foram aparecendo nos últimos 20 ou 30 anos.
As personalidades que dão o nome a essas ruas são, na sua quase totalidade matosinhenses e que foram nossos contemporâneos em muitos dos casos. Além disso, temos o hábito de nos referirmos a certas «zonas novas» por conjunto e não por ruas. Por exemplo, dizemos que certo espaço ou certa pessoa mora no Sardoal, na Cohaemato, no Lar do Trabalhador, no Monte Espinho, no Bairro da Bataria, etc. Ou seja, raramente referimos o nome das ruas, o que leva a que não as conheçamos quando disso necessitamos.
Uma das formas de fixar o nome das ruas é conhecer a história da personalidade que lhe dá o título. Assim decidi olhar pela minha janela e verifiquei que a rua com a qual a minha casa faz esquina e que serve de entrada ao bairro social do Monte Espinho é a Rua José Augusto de Almeida Cayolla.
[h2]José Augusto de Almeida Cayolla foi ator e encenador[/h2]Segundo a página oficial da Câmara Municipal de Matosinhos, José Augusto de Almeida Cayolla foi um ator e encenador que nasceu em 1932 e morreu em Matosinhos em 1998. A cultura em geral e o teatro em particular foram o motor da vida deste homem. Estudou no Teatro Experimental do Porto e completou a sua formação no The Bristol Old Vic Theatre School, uma das mais conceituadas escolas de teatro inglesas, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. Durante a sua estadia na Inglaterra frequentou e concluiu o curso de Encenação, aí dirigindo a peça Yerma de Federico Garcia Lorca.
A nível profissional, ainda na Inglaterra, trabalhou na formação de atores do National Theatre e colaborou com a BBC. Após regressar a Portugal continuou a sua carreira no teatro dirigindo e encenando o Teatro Experimental do Porto. Ao mesmo tempo colaborava com a Rádio Comercial com um programa de crítica.
Quando assumiu a direção do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica deixou o Teatro Experimental do Porto. Colaborou ainda com a companhia Seiva Trupe e à data da sua morte dirigia o Auditório Nacional de Carlos Alberto.
Foi um homem que lutou por uma nova visão do teatro, pela valorização das companhias independentes e pela defesa da força interventiva que o teatro pode ter no mundo.
Até à próxima semana.
Saudações leceiras
Joaquim Monteiro
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