Casa de Chá / Restaurante da Boa Nova

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A Casa de Chá da Boa Nova é, sem dúvida, um dos símbolos de Leça da Palmeira. Até porque foi o primeiro edifício construído, juntamente com as Piscinas das Marés, a ser classificado como Monumento Nacional, em 03 de Março de 2011.

Hoje é um dos restaurantes mais marcantes de Leça da Palmeira/Matosinhos, talvez por ser do chefe Rui Paula, um dos mais conceituados chefes de cozinha portugueses. Ou então por ser um dos edifícios marcantes da carreira de Siza Vieira.

Construída sobre as rochas, a apenas dois metros da água, com o mar em fundo, a Casa de Chá da Boa Nova é um dos locais mais procurados pelos amantes da arquitetura, pelos apreciadores de uma boa refeição e, sobretudo, pelos que gostam de contemplar o mar.

Junto à Capela da Boa Nova, uma peça da arquitectura do século XX. É a Casa de Chá da Boa Nova (1958 a 1963), projecto do arquitecto matosinhense Álvaro Siza Vieira. Prova de como é possível construir o novo sem descaracterizar os lugares e a sua identidade. Foi mandada construir pelo Presidente da Câmara Eng. Fernando Pinto de Oliveira. Em 1991, a Casa de Chá, teve a intervenção deste arquitecto não só na arquitectura, como na criação do mobiliário e decoração adequada, que até hoje permanece.

Neste espaço, sobre rochedos e bem perto do mar, umas vezes mais calmo outras mais bravo, encontra-se uma tranquilidade e uma beleza incondicional que não deve deixar de ser visitado em Leça da Palmeira.

Esta obra arquitetónica é um dos edifícios mais marcantes da denominada arquitetura orgânica, tal como as piscinas das marés.

Quem chega ao edifício é «convidado» a faze-lo por uma escadaria que nos leva de sul para norte e de norte para sul. A ideia não é inocente. Ao fazer o percurso somos «obrigados» a ver o mar, o horizonte, o Porto de Leixões. Matosinhos é «terra de horizonte e mar» e isso é bem visível neste percurso de acesso á casa. E depois ainda temos o Porto de Leixões, a âncora do desenvolvimento de Matosinhos, uma terra de pescadores.

Quando chegamos ao fim da escadaria, que quase nos obriga a fazer o percurso, temos a alpendre da entrada que nos «convida» a ir para lá.

Depois, entrando, temos a escadaria de acesso ao restaurante, que se faz pelo primeiro piso e nos obriga a descer umas escadas. Mas antes de descer temos dois quadros naturais que nos fazem respirar fundo. Por uma nesga, entre a trave de madeira e o teto, conseguimos deslumbrar o mar e o horizonte, ao mesmo tempo que os nossos olhos são atraídos para uma janela onde se veem as rochas. Este contraste é fenomenal.

Depois temos a sala do restaurante, com a possibilidade de se levantarem as janelas de vidro e sentirmos o mar, temos a mobília que foi cuidadosamente estudada, temos um ambiente de compromisso que marca todo o edifício.

Em volta, há a praia e o mar, a centenária capela da Boa Nova e o imaginário de António Nobre, imortalizado na sua poesia inscrita na rocha – “Na praia lá da Boa Nova, um dia/ Edifiquei (foi esse o grande mal)/ Alto Castelo, o que é a fantasia,/ Todo de lápis-lazzuli e coral!.” (Só, 1887) –, mas também na escultura de Salvador Barata Feyo.

Aconselho vivamente ao visionamento do vídeo «Visita Guiada – Casa de Chá da Boa Nova», na RTPLAY onde podemos compreender um pouco melhor as ideias do arquiteto, não só no que respeita á arquitetura, mas também no que concerne ao mobiliário.