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António Nobre, um dos poetas portugueses mais notáveis do final do século XIX, passou largas temporadas em Leça da Palmeira, onde compôs uma parte significativa da sua obra poética. Cravada num dos rochedos da praia, uma placa de mármore, reproduzindo um dos seus sonetos que evoca a Boa Nova, materializa também uma homenagem ao poeta.
Quando nos referimos a Leça da Palmeira ninguém se consegue dissociar do mar e da praia. Isto, apesar de Leça da Palmeira ser, também, uma terra de lavradores.
Mas Leça da Palmeira é muito mais que praia, mar, sol e terra. É verdade que Leça é terra de lazer, mas também o é de cultura, de arte, de património, de tradições.
António Nobre
Nasceu no Porto, na Rua Santa Catarina, numa manhã de agosto de 1867 e foi registado na Igreja de Santo Ildefonso com o nome de António Pereira Nobre. Viria a morrer em 18 de março de 1900, na Foz do Douro onde vivia e com apenas 33 anos de idade.
A infância e a adolescência de António Nobre foram passadas entre Leça da Palmeira, onde o pai, antigo emigrado no Brasil, possuía uma quinta e a Foz do Douro. A praia de Leça era, nessa altura, frequentada pela fina-flor da colónia inglesa radicada no Porto. Foi aqui que, muito provavelmente, conheceu os seus primeiros amores e viveu os seus romances, mas enamorou-se por Leça e, por isso, presta-lhe homenagem na sua obra.
Segundo o blogue “chuviscos…”, «desde muito novo, nos rochedos da Boa Nova batidos pela espuma das ondas do Atlântico ou dentro de pequenos botes baloiçando na candura das águas, que António Nobre declamava os seus versos, tendo como ouvintes atentos o oceano ou as lindas moçoilas que lavavam no “Rio Doce” (nome dado, nesse tempo, ao Rio Leça, ainda límpido e pululante de vida).»
“Oh Rio Doce! Túnel d’água e de arvoredo
Por onde Anto vogava em vagão dum bote…
E, ao Sol do meio-dia, os banhos em pelote
Quando íamos nadar, à Ponte do Tavares!”
Hoje, Leça da Palmeira presta-lhe homenagem através do conjunto escultórico situado na zona envolvente do Farol da Boa Nova. As esculturas, representando o poeta e as suas musas inspiradoras, são de 1974, da autoria do escultor Barata Feyo.
Ainda na zona da Boa Nova, cravada num dos rochedos da praia, temos uma placa de mármore reproduzindo parte de um dos seus sonetos que evoca precisamente esta praia.
Na praia lá da Boa Nova, um dia,
Edifiquei (foi esse o grande mal)
Alto Castelo, o que é a fantasia,
Todo de lápis-lazulli e coral!
A Rua dos Dois Amigos (António Nobre e Alberto Oliveira) e a Rua Fresca, que é uma das artérias mais ligadas às estadias do poeta, são outros dos testemunhos que Leça devota a esta figura da cultura portuguesa.
Joaquim Monteiro
[…] passado, a placa apresenta os primeiros quatro versos do soneto “Lá na Praia da Boa Nova”, que António Nobre (1867-1900) escreveu em 1887, evocando com saudade os tempos de infância e juventude passados em […]