Leça e Camilo Castelo Branco

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Há uns anos o reverendo padre Lemos falou-me de um livro de Camilo Castelo Branco que retratava Leça da Palmeira no início do século XX. Fartei-me de procurar, nomeadamente na FNAC e na Bertrand, pesquisei nas «obras completas» e nada. Os funcionários apenas me sabiam dizer que se existia estava na compilação de obras. Até que um dia, em Lisboa, no Chiado, vi a montra de um alfarrabista e entrei. Mal lhe disse o que pretendia mandou-me subir uma escadaria cheia de livros e, nas águas-furtadas, pegou num livro pequeno, com as páginas amareladas pelo tempo e disse-me: «É este que pretende.»

“Duas horas de leitura” é o título desta obra. Nela Camilo escreve:

“A duzentos passos da egreja parochial de Lessa da Palmeira, está, no alto de uma collina, uma capellinha de invocação de Sancta Anna. (…)

Aquillo podia ser bello! Se lhe plantassem duas alas de acacias ao longo dos trinta degraus, que facilitam o accesso á ermida, e a assombrassem em redor de álamos e amoreiras, a capellinha de Sancta Anna, só em si, valeria Cintra, com todos os seus enfeites d`arte, que lhe dão a côr falsa d`uma natureza pintada. (…)

Capela de Santa Ana

É lindo ler a descrição que Camilo Castelo Branco faz de Leça (e de Matosinhos) a partir do miradouro natural que é o Monte de Santana. Era tão linda a Leça no início do século XX!!!

Para poderem compreender melhor deixo-vos uma imagem que retirei do facebook, da página da drogaria do João.

Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco nasceu a 16 de março de 1825, em Lisboa, e suicidou-se a 1 de junho de 1890 em S. Miguel de Seide, Famalicão.

As suas obras principais são: A Filha do Arcediago, 1855; Onde está a Felicidade?, 1856; Vingança, 1858; O Romance dum Homem Rico, 1861; Amor de Perdição, 1862; Memórias do Cárcere, 1862; O Bem e o Mal, 1863; Vinte Horas de Liteira, 1864; A Queda dum Anjo, 1865; O Retrato de Ricardina, 1868; A Mulher Fatal, 1870; O Regicida, 1874; Novelas do Minho, 1875-1877; Eusébio Macário, 1879; A Brasileira de Prazins, 1882.

Mas quem nunca leu este livro é a altura de o ler, afinal só demora duas horas.


Joaquim Monteiro


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