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O município de Matosinhos é conhecido pela aposta que faz na denominada «arquitetura de autor». Quero com isto dizer que algumas das grandes obras, aquelas que mais marcam a paisagem, são atribuídas a arquitetos de «nome feito», de forma a serem uma referência nacional e internacional.
Desde logo dois arquitetos se destacam: Eduardo Souto de Moura e Siza Vieira.
Esta semana, a comunicação social noticiou a sessão de assinatura do protocolo entre a Câmara Municipal de Matosinhos e o arquiteto Souto Moura para a guarda, preservação e divulgação de parte do seu acervo na Casa da Arquitetura. Segundo a comunicação social, o acervo inclui centenas de maquetes em cartão prensado e madeira, painéis fotográficos e esquissos das obras mais emblemáticas e estará acessível a todos os interessados.
Segundo o sítio da Câmara Municipal de Matosinhos, “A sua (Souto Moura) obra em Matosinhos tem contribuído decisivamente para o novo rosto da cidade ao rasgar a sua entrada mais nobre – Marginal de Matosinhos e ao traçar, em conjunto com Alcino Soutinho, a integração do Metro de Superfície no concelho. Trata-se de duas obras que aliam a modernidade à urbanidade e funcionalidade necessárias a qualquer metrópole. Por um lado a marginal que transfigurou o espaço de proximidade com o mar num ponto de encontro entre cidadãos, num espaço de lazer e de pura fruição e por outro o Metro numa verdadeira obra de planeamento e renovação urbana que alterou vias, criou novos circuitos e serve a população com qualidade estética e funcional.”
Também nesta semana foi inaugurada a exposição «Siza design – A recuperação do sentido do tempo», na Galeria Municipal. A sessão solene de inauguração da exposição, para além de convidados ilustres, foi testemunhada por muitos estudantes da Faculdade de Arquitetura, o que prova que para estes estudantes o arquiteto Siza Vieira é uma inspiração.
Socorrendo-me novamente do sítio da Câmara Municipal de Matosinhos, “Siza Vieira deu os primeiros passos da sua profícua carreira na sua cidade natal – Matosinhos. A edificação do seu projeto “4 Casas em Matosinhos”, quando era ainda um estudante na Escola Superior de Belas Artes, abriu lugar à polémica, devido à sua audácia e características inovadoras para a época. É em Matosinhos que se encontram alguns dos seus trabalhos mais emblemáticos: a Piscina da Quinta da Conceição (1958-1965), a Piscina das Marés (1961-1966), a Casa de Chá da Boa Nova (1958-1965) e mais recentemente a marginal de Leça da Palmeira (2006) que, para além de unir estas duas últimas obras, resulta num espaço adaptado às suas novas funções e características de centralidade e de espaço de lazer. Uma das suas obras mais afetivas e diretamente a ele ligadas é a remodelação da casa dos seus pais em 1961, recentemente adquirida pela autarquia em sua homenagem, destinada a receber o testemunho da sua obra através da instalação do Centro de Documentação Álvaro Siza.”
Relativamente ao Centro de Documentação Álvaro Siza só lamento que grande parte da sua obra não fique neste centro, até porque as suas obras continuam a ser atuais e são exemplo para muito do que se faz a nível arquitetónico.
Mas como leceiro o que me apraz dizer é que é muito orgulho que vejo dois dos principais nomes da arquitetura portuguesa, vencedores do Prémio PRITZKER, o denominado «Nobel da Arquitetura» ligados a algumas das principais obras arquitetónicas do concelho e a serem reconhecidos.
Joaquim Monteiro