Leça e o Mar

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[h2]Leça da Palmeira sempre teve uma forte ligação ao mar.[/h2]

joaquim_monteiroApesar de nas suas origens a freguesia de Leça da Palmeira ser um pouco bicéfala, já que se dividia entre a Leça dos lavradores e a Leça dos pescadores, a verdade é que a vertente marítima foi sempre uma mais-valia para as gentes leceiras.

No século XVII, após a Restauração da Independência, quando se pretendeu construir um forte que permitisse uma melhor defesa militar da costa portuguesa, escolheu-se a zona de Leça da Palmeira para a construção do Forte da Nossa Senhora das Neves.

Já no século XVIII esta freguesia era habitada por cerca de 224 famílias (777 pessoas) e a maioria dependia dos ordenados que os chefes de família ganhavam como pilotos, mestres de navios ou marinheiros.

No século XIX, quando a burguesia portuense percebeu que os perigos naturais da barra do Porto eram um obstáculo à concretização dos seus negócios e punham em perigo as suas próprias vidas, decidiu-se pela construção de um novo porto, muito mais seguro e eficaz, na foz do rio Leça, tendo-se iniciado as obras do Porto de Leixões.

Ainda no século XIX, por volta de 1820, começaram a chegar a Leça os primeiros banhistas, numa altura em que a freguesia era ainda uma pequena aldeia de pescadores. Quando, mais ou menos a meio do século Leça foi promovida a vila e mais tarde a cidade, o número de banhistas aumentou significativamente, nomeadamente através dos «ingleses». A inauguração do «americano» veio permitir um aumento da presença desses ingleses em Leça e veio trazer uma nova realidade, muitos deles optaram por ficar a viver em Leça todo o ano, adquirindo ou mandando construir habitações. A título de exemplo, por volta de 1900, 77% dos «ingleses» que viviam no concelho de Matosinhos residiam em Leça da Palmeira.

A praia de Leça foi sempre um pólo de atração para as populações dos concelhos vizinhos, quer pela qualidade da sua água quer pelo seu imenso areal. A estas condições naturais as gentes leceiras souberam acrescentar iniciativas e equipamentos de forma a rentabilizar a visita dos que procuravam a praia.

Hoje a praia está mais curta, resultado das obras da nova marginal, mas não menos atrativa. É certo que já não é uma praia de referência a nível regional para a época balnear, mas é um marco para a prática de desportos aquáticos.

Hoje, como no passado, a vida dos leceiros está intimamente ligada ao mar.

Até à próxima semana.

Saudações leceiras

Joaquim Monteiro


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