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Tanto o estudo encomendado pelo consórcio catalão TCCMP (a quem foi adjudicada a operação do metro para os próximos 10 anos, até 2025) como a avaliação da Autoridade Metropolitana de Transportes do Porto mostram que é dos cais ao ar livre que partem mais passageiros sem bilhete.
Os espanhóis acreditam que um em cada cinco clientes do metro não valida o Andante, apontando para uma evasão tarifária média de 23%. Já a Autoridade de Transportes revela que, na pior das hipóteses, a fraude será de 10%. Qualquer uma das avaliações evidencia índices de incumprimento muito superiores aos divulgados pela Empresa do Metro. Ao longo dos anos, a transportadora tem dado conta da existência de uma fraude que rondará os 2,5%. Uma percentagem que o estudo da VTM, empresa contratada pelo consórcio espanhol para estudar a fraude, considera “irrealista”.
[h2]Piores desempenhos em Matosinhos e Gondomar[/h2]Os piores desempenhos em ambos os estudos são em estações de Matosinhos e de Gondomar. A VTM destaca a Senhora da Hora, onde 38% dos clientes viajaram sem validar o Andante. O nível de fraude é “muito superior no cais de embarque com destino a zonas suburbanas, nomeadamente à Maia, na Linha Verde” do que rumo ao Porto. Além da Senhora da Hora, a VTM fez a contagem de utentes que não validam o passe no Marquês, na Casa da Música e no Bolhão (as três estações ficam no Porto) e em Santo Ovídio (Gaia).
Das cinco estações, o menor nível de evasão tarifária foi registado em Santo Ovídio. Marquês e Bolhão também apresentam um incumprimento relevante (21,9% e 25,5% respetivamente). A fraude é maior nas viagens de curta distância e após a hora de ponta da manhã. À tarde, há mais borlas ao final do dia.
Já Autoridade Metropolitana de Transportes do Porto promoveu ações de fiscalização em 12 estações e troços da rede do metro durante quatro horas e constatou que, à medida que o tempo passava, a taxa de fraude reduzia. Para os técnicos, a razão será o passa-palavra entre os clientes.
Os especialistas calcularam uma taxa média de incumprimento, que corresponde à média das quatro horas de fiscalização, e uma taxa máxima. Este valor reflete o período em que se apanharam mais clientes sem bilhete válido, ou seja, na primeira hora de fiscalização.
[h2] O recordista absoluto na fraude é a estação de Pedro Hispano[/h2]O recordista absoluto na fraude é a estação de Pedro Hispano, seguido da Sete Bicas e do troço à superfície entre Nau Vitória e Levada (da Linha Laranja), em Gondomar. A primeira estação enterrada com pior desempenho é a do Polo Universitário. As plataformas de Trindade e de Campanhã possuem, em média, um incumprimento mais baixo.
No entanto, estas duas estações estão no lote de seis plataformas onde a Metro do Porto e o consórcio espanhol TCCMP querem colocar portões automáticos (“gates”) para controlar as entradas e as saídas dos passageiros. Os portões só se abrirão quando o utente validar o Andante. Aliás, apesar dos estudos concluírem que o incumprimento é maior nas estações à superfície, a empresa pública e os catalães entendem que o fecho desses cais através das instalação dos portões seria pouco eficaz.
No contrato firmado com os catalães a 23 de abril deste ano que já suscitou dúvidas ao Tribunal de Contas, a Empresa do Metro compromete-se a fechar as estações da Trindade, do Bolhão, de S. Bento, de Campanhã, do Campo 24 de Agosto e da Casa da Música (todas no Porto) no prazo máximo de seis meses, após a entrada em vigor do contrato. Nem a obrigação nem a imposição de prazos e de indemnizações constavam do caderno de encargos. O documento previa apenas a colocação de sistemas de controlo de acessos nas estação como uma possibilidade.
Essa operação representa um investimento de 5,93 milhões de euros, dos quais 4,16 milhões serão suportado pela Metro do Porto. 67% dos clientes do metro utilizam as seis estações e o objetivo é travar quem anda sem pagar.
Se a Metro não fechar as estações em meio ano, terá de indemnizar o consórcio catalão por “danos emergentes” e “lucros cessantes decorrentes desse atraso e até um montante máximo equivalente a três anos”. A compensação poderá ascender a 2,8 milhões de euros. A verdade é que a instalação dos portões automáticos é uma obra complexa, que não depende apenas da diligência da Metro. Dar apenas seis meses para fazer o investimento é um prazo curto e até irrealista.
Os estudos da transportadora pública e do consórcio TCCMP apontam, ainda, para uma segunda fase de encerramento de mais sete estações com portões automáticos: Marquês, Aliados, Estádio do Dragão, Carolina Michaelis, Polo Universitário (Porto), Santo Ovídio (Gaia) e Aeroporto (Maia). A segunda fase custaria 4,7 milhões, sendo 3,29 milhões pagos pela Metro do Porto. Feitas as contas, a empresa e o TCCMP concluíram que a segunda fase teria “resultados menos favoráveis”. Por essa razão, esperarão pela avaliação da implementação da primeira fase dos portões automáticos para ponderar se vale a pena gastar mais 4,7 milhões de euros.
in JN
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