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Estando a decorrer a campanha eleitoral para as autárquicas, temos visto os candidatos apresentarem várias propostas. Alguns dos temas abordados são comuns às diferentes candidaturas. Um desses casos é a mobilidade.
No entanto, temos assistido a um debate muito genérico do tema e as propostas apresentadas têm sido muito vagas. É consensual entre as diferentes candidaturas que a questão da mobilidade em Matosinhos não pode ser resolvida a nível interno mas sim a nível trans concelhio, isto é, há a necessidade de coordenar com os concelhos limítrofes. Dos sete candidatos à Câmara Municipal de Matosinhos, quatro já tiveram responsabilidades executivas e já deviam ter percebido o que é a mobilidade em Matosinhos. Não quiseram? Não tiveram capacidade?
Não sei. O que sei é que a discussão a este nível é compreensível mas não responde às necessidades e anseios da população local. Apenas abarca uma parte do problema.
Falar em mobilidade é falar do acesso de Matosinhos aos concelhos vizinhos, da questão do acesso ao Porto, nomeadamente através da A28 e no acesso à Maia, principalmente através da Via Norte (EN14).
Mas também é falar do acesso entre freguesias: de Leça da Palmeira a Matosinhos, de Lavra a S. Mamede de Infesta, de Santa Cruz do Bispo a Leça do balio, etc. Para se percorrer no máximo uma dezena de quilómetros podemos demorar mais de 40 minutos.
Mas também é falar do acesso dentro das freguesias, como por exemplo ir do Monte Espinho para a Escola da Praia, do Lugar de Gonçalves para o centro da freguesia, a circulação na rua do Sol Poente ou em qualquer outra artéria onde se encontra um estabelecimento de ensino. As ruas onde a iluminação é deficiente ou mesmo inexistente e que torna perigoso a circulação.
Mas também é falar dos peões e das suas condições para transitarem nos passeios, com ruas sem passeios como no Monte Espinho e no Lugar de Gonçalves, em que ainda existem valetas a céu aberto, ou ruas com passeios degradados que são autênticas ratoeiras para os peões, como os da avenida da Exponor (do lado onde há passeios, pois do outro lado ainda não foram construídos, apesar das promessas dos autarcas e de constarem no Plano de Atividades da Junta de Freguesia).
Mas também é falar da rede de transportes, das alterações às linhas dos STCP sem atender aos interesses das pessoas; das condições de transporte das pessoas nos autocarros da Resende; dos locais onde ainda não passam transportes públicos, como no Lugar de Gonçalves, onde temos uma população algo envelhecida, com necessidades acrescidas e que está vetada ao abandono.
Mas também é falar das pessoas com mobilidade reduzida e do acesso aos serviços públicos. Uma vez mais os passeios inexistentes ou degradados, e as árvores com copas muito baixas que impedem a circulação, mas também o não cumprimento da lei por parte dos organismos públicos que deviam ter condições de acesso a cidadãos com mobilidade reduzida.
Por isso me parece que discutir este assunto a um nível tão genérico é esquecer o mais importante: as pessoas.
Até à próxima semana.
Saudações leceiras
Joaquim Monteiro
Subscrevo, simplesmente