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[h3]Matosinhos é um concelho com um enorme potencial em termos de património.[/h3]
Enquanto professor de História, já por variadas ocasiões organizei visitas de estudo com os meus alunos a diversos locais do concelho. Matosinhos tem vestígios de variadas épocas, como o castro de Guifões; as pontes e salgas romanas que se encontram em Santa Cruz, Leça do Balio e Lavra; as sepulturas medievais de Perafita; arte medieval como o Mosteiro de Leça do Balio; igrejas de diferentes períodos, como a do Bom Jesus de Matosinhos, com intervenções de Nicolau Nasoni; museus, como a Casa Museu Abel Salazar, em S. Mamede Infesta e o Museu Quinta de Santiago, em Leça da Palmeira; arquitetura contemporânea com a Casa de Chá e a Piscina das marés, em Leça da Palmeira; o farol de Leça da Palmeira que é o segundo maior do país; e muitos mais que podem ser consultados na Página da Câmara Municipal de Matosinhos.
Mas também tem empresas que, pela sua importância e localização estratégica, são igualmente património. Refiro-me, por exemplo, à Ramirez, ao Porto de Leixões, à Petrogal. Por isso, muitas das visitas de estudo que organizei foram em colaboração com outras disciplinas, não tendo por objetivo apenas a vertente histórica, mas aspetos económicos, geográficos e sociais.
Leça da Palmeira, tal como as restantes freguesias, é rica em património. No entanto, o nosso património está degradado e nem sempre é devidamente aproveitado. Basta ver a estado da Quinta da Conceição e da Casa de Chá.
Mas hoje não quero refletir sobre o estado do património. Vou deixar essa reflexão para uma próxima crónica, pois hoje quero destacar dois dos museus de Leça da Palmeira (antes que critiquem, sei que há mais) que me parecem ser importantíssimos e, na minha opinião, não têm o destaque que deviam ter, sobretudo entre os leceiros.
Um deles é o Museu da Associação Humanitária de Matosinhos e Leça da Palmeira, mais conhecido como Museu dos Bombeiros. Tem um espólio espetacular, conta a história da Associação e apresenta-nos diversos salvados de incêndios e naufrágios.
No entanto, fico estupefacto com a quantidade de pessoas que encontro, em Leça da Palmeira, habitantes em Leça da Palmeira, alguns naturais de Leça da Palmeira, que desconhecem a existência deste museu.
O mesmo se passa com o Museu da Quinta de Santiago. Mas a situação aqui já é mais grave, pois estamos a falar de um museu camarário, com uma maior visibilidade publicitária. No entanto, também são inúmeras as pessoas que desconhecem a sua existência e as que pensam que não passa de um jardim como a Quinta da Conceição.
O meu desgosto é maior por saber que as pessoas que estão à frente do museu têm feito um esforço enorme, têm variado a programação e inovado nas apresentações.
Lembro-me da última visita que fiz com os meus alunos, em que a visita á casa foi guiada em jeito de teatro, por duas personagens da época: a criada e o moço da estrebaria. O seu desempenho foi de tal forma espetacular que os alunos se deixaram levar pela história e pensavam que estavam mesmo em frente de personagens da época. Deixo aqui a descrição de um episódio ilustrativo do que acabo de dizer. O moço da estrebaria era um brasileiro que tinha vindo para a quinta tratar dos animais e, como tal, falava brasileiro. No final, como tenho o prazer de conhecer o responsável do museu que representa esse papel, o Dr. Luís, estávamos a conversar normalmente e um dos alunos assistia ao nosso diálogo com um grande olhar de espanto. No final, acercou-se de mim e perguntou-me se afinal o moço brasileiro também já sabia falar português.
Por tudo isto, apelo a quem nunca visitou estes museus, a que o faça. Vão, levem a família e, com toda a certeza, darão por bem empregue o tempo. E numa altura em que a crise aperta, em que as possibilidades de viajar são mais curtas, é caso para dizer: VÁ PARA FORA CÁ DENTRO, EM LEÇA DA PALMEIRA.
Até à próxima semana.
Saudações leceiras
Joaquim Monteiro
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