Não ao Medo!

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Joaquim MonteiroComeço a minha crónica desta semana com um pedido de desculpas.
Peço desculpa por não escrever sobre Leça da Palmeira, como faço há anos, mas por falar de algo que me deixa indignado, a falta de respeito pela vida humanaOs ataques terroristas que ocorreram em Paris são o exemplo mais acabado da inexistência de consciência cívica em algumas sociedades e pessoas.

Como disse o Papa Francisco, não há nenhuma justificação religiosa, política, económica, social, que consiga explicar tal barbárie.

A vida humana está – deve estar sempre – acima de qualquer outro interesse.

Numa altura em que a Europa está a braços com um crise de refugiados, em que milhares de pessoas rogam por um abrigo, a solução mais fácil será sempre a de nos fecharmos sob o pretexto de que o estamos a fazer para nos proteger. Alguns países europeus já enveredaram por este caminho. Noutros países, não duvido que os partidos xenófobos irão aproveitar o medo das pessoas para ganhar terreno e adeptos.

Não quero afirmar que quem toma estas medidas está totalmente errado. Pode sempre acontecer que entre os refugiados estejam terroristas. Mas que estas medidas não são a solução, disso tenho a certeza.

O terrorismo vive do medo, alimenta-se com o medo, propaga-se através das imagens de desepero, de dor, de morte, que a comunicação social ocidental multiplica, seja através de ligações em direto ou de entrevistas gravadas e de depoimentos de sobreviventes.

Sem querer, em nome da liberdade de expressão e do direito dos povos ao conhecimento dos factos, a comunicação social está a fazer o jogo dos terroristas.

As próprias forças de autoridade no desempenho das suas funções e na ânsia de salvaguardar a segurança das populações apelam a que as mesmas fiquem em casa. Tudo isto tem lógica, mas também é dar a vitória ao terrorismo.

Quando as pessoas saem à rua aos milhares, como aconteceu este fim de semana em Paris, contrariando os apelos das forças de autoridade, querem transmitir uma mensagem aos terroristas. Querem dizer-lhes que o terrorismo não há-de ganhar, que o medo não pode ser o quotidiano das populações, que o direito à vida, à felicidade, à segurança, ao lazer, às liberdades (religiosa, expressão, ou de qualquer outra forma), são valores que estão muito acima do fanatismo de alguns.

Deixo aqui um voto de solidariedade a todos quantos sofreram com estes ataques e uma vénia de respeito por todos os que vieram para a rua viver o seu quotidiano ou fazer manifestações de pesar pelas vítimas.

Até à próxima semana.

Saudações leceiras

Joaquim Monteiro


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