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É já no próximo fim de semana que voltamos a ter os piratas em Leça da Palmeira.
Há um ano escrevi, neste mesmo espaço, um artigo sobre as recriações históricas e a sua importância para a economia local, para além das vantagens pedagógicas e recreativas que estas atividades têm.
Tendo-se recentemente descoberto, em Perafita, uma fortificação com cerca de mil anos, muito provavelmente destinada a proteger as populações costeiras dos ataques dos piratas, muito provavelmente viquingues, ganha ainda mais relevo este tipo de recriação histórica.
A história de Matosinhos, tal como a de muitos concelhos do litoral e, ainda com a foz de um rio, é indissociável das histórias de marinheiros, de piratas, de corsários, de contrabandistas, etc.
Após a queda do Império Romano, no século V, perdeu-se a segurança que Roma dava aos habitantes do império. Após essa data, os territórios do atual Portugal, perderam a proteção de Roma e ficaram à mercê das invasões dos povos ditos bárbaros, nomeadamente visigodos e suevos.
Mais tarde, quando tudo parecia mais calmo, houve uma segunda vaga de invasões, sobretudo de piratas, povos que não queriam ocupar territórios, mas apenas roubar, pilhar, matar, destruir.
Matosinhos acompanha todas estas vicissitudes da história de Portugal, mesmo quando, séculos depois, nos lançarmos no grande empreendimento dos Descobrimentos.
Segundo informação recolhida na newsletter n.º 54 da Junta de Freguesia da União de Freguesias de Matosinhos-Leça da Palmeira:
«Desde muito cedo profundamente ligada ao mar pela pesca, produção de sal e construção naval, Matosinhos passará a destacar-se também, a partir do século XII, como terra de afamados “homens do mar” ligados ao comércio marítimo. E durante os séculos seguintes, nomeadamente com a Expansão Marítima, esta será, cada vez mais, uma terra de marinheiros, pilotos, contramestres, capitães de navios e… piratas. Com efeito, para fazer face às pilhagens e assaltos das embarcações inimigas, os portugueses responderam com o incremento dos corsários. Isto é, de piratas ao serviço de grandes senhores ou da própria coroa. Um dos mais poderosos senhores nesta região no século XIV, João Rodrigues de Sá, alcaide-mor do Porto e donatário de Matosinhos, tinha aqui fundeados barcos de corso. Mas não era caso único. Outros fidalgos utilizavam Matosinhos e Leça como o porto das suas caravelas piratas. Caso, no século XV, de Fernão Coutinho, que se tornaria num dos principais impulsionadores e padroeiros do convento de Nossa Senhora da Conceição (a atual Quinta da Conceição). E o próprio Gonçalves Zarco (que se não era daqui natural, para cá veio muito cedo e aqui casou), que se notabilizaria como o “descobridor” da Madeira, foi de início um corsário.
Mas os outros piratas continuaram sempre a rondar as nossas costas. E foi devido aos seus roubos e ao rapto que faziam dos nossos homens do mar (para obterem resgates) que, face à crise que por tal motivo a povoação então vivia, Matosinhos obtém em 1621 a autorização real para realizar uma grande feira, franca, durante o período que durasse as Festas ao Senhor de Matosinhos: tradição que se mantém até aos nossos dias! Para obstar à ação dos piratas vigiavam-se as praias, montavam-se atalaias e construíram-se fortificações. Como o Forte de Nª Senhora das Neves – o castelo de Leça.»
É por isto e muito mais que vale a pena visitar Leça da Palmeira no próximo fim de semana. Duelos de sabre e florete, caça ao tesouro, treino de armas, tabernas, saltimbancos, espetáculos de malabares, circo de comediantes, baile de gala, zaragata entre piratas, visitas guiadas ao Forte Nossa Senhora das Neves, julgamento de piratas desordeiros ou a chegada de El- rei D. João V, são alguns dos eventos que constam do programa oficial que está disponível na website da Câmara Municipal de Matosinhos e neste sítio leca-palmeira.com.
Até à próxima semana.
Saudações leceiras
Joaquim Monteiro
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