Novas tradições leceiras

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Joaquim MonteiroO título desta semana «Novas Tradições Leceiras» pode causar alguma confusão nos leitores mais atentos. De facto pode existir uma contradição entre «novas» e «tradições». «Novo» é algo original e «tradição» é aquilo que se faz usualmente, que se transmite de geração em geração.

Já escrevi noutras ocasiões sobre algumas das tradições leceiras, como por exemplo o Natal leceiro, o carnaval com o enterro do morto e as festas populares, com as denominadas “rifas”, que marcaram a juventude de muitos leceiros. Mais recentemente escrevi sobre o retomar da tradição do cantar as janeiras e destaquei o brilhante papel desempenhado pelo Rancho Típico da Amorosa na transmissão e recriação das tradições leceiras ligadas ao campo e ao quotidiano dos leceiras, nomeadamente com os cantares ao desafio, as cantigas das lavadeiras do rio Leça, as desfolhadas, entre muitas outras.

Como disse há uns tempos num outro artigo, a tradição já não é o que era, mas a verdade é que estes momentos de recriação são fundamentais para entendermos o local onde estamos. Como vulgarmente se diz: um povo sem passado é um povo sem futuro.

Mas os tempos atuais são outros e Leça da Palmeira não está imune aos efeitos da globalização. Novos tempos, novas tradições. Não só palavras novas que foram introduzidas no léxico português. Também tradições comuns noutros países vieram para Portugal e enraizaram-se no nosso ciclo anual. E fizeram-no de tal forma que já nos parecem que existem desde sempre.

Um dos exemplos mais flagrantes destas novas tradições é o Halloween, ou noite das bruxas. Claro que há muitos, muitos anos que sabemos o que é a noite das bruxas. Claro que há muitos anos que se ia comemorando o holloween. Mas não de uma forma tão sistemática e tão intensa como agora.

Portugal sempre foi terra de bruxas e muitas das nossas histórias populares estão diretamente relacionadas com a sua existência. Há mesmo localidades que ganharam fama ao custo das bruxas, como é o caso de Vilar de Perdizes (Montalegre), onde o padre Fontes há anos que «vende» esta ideia.

Mas o que quero realçar aqui é mais o caráter popular das comemorações do dia das bruxas. Nos últimos anos deu-se uma explosão nas festividades deste acontecimento. Até nas escolas o baile da noite das bruxas se tornou quase que «obrigatório».

De tal forma que hoje em dia não consigo estar em casa na noite do dia 31 de outubro sem ter um dois sacos de rebuçados ou gomas, pois já sei que a campainha vai tocar e vou ter à porta um grupo de crianças a gritar: “doçura ou travessura”.

E se calhar até já ficava triste se a campainha não tocasse.

Até à próxima semana.

Saudações leceiras

Joaquim Monteiro


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