O Batô faz 50 anos e a festa irá percorrer 5 décadas de música

Discoteca O Batô
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A 30 de novembro de 1971, abria o Batô, em Leça da Palmeira. O 50º aniversário de uma das mais antigas discotecas do País é assinalado nesta terça, 30, com uma festa para os habitués da casa.


A abertura da histórica discoteca no Largo do Castelo, junto ao Forte de Nossa Senhora das Neves, em Leça da Palmeira, aconteceu a 30 de novembro de 1971. Apesar da idade e de tempestades várias, o Batô manteve-se firme na travessia, tocando diferentes gerações, e sem mostrar sinais de fadiga. “É uma casa diferente, com um estilo próprio, à qual a música dá brilho”, diz-nos Guilherme Estevão, 48 anos, um dos sócios, e cliente do Batô desde os 17 anos. Tal como ele, também António Cruz (ou Tó Mané, como é mais conhecido) começou por ser cliente, fazendo depois ali o seu percurso (apanha-copos, porteiro, barman, gerente) até se tornar sócio, em 2011.

A celebração dos 50 anos esteve para ocupar várias noites (um concerto com uma banda ao vivo, um espetáculo ao ar livre com alguma dimensão…). No entanto, os planos caíram por terra. “A ideia era valorizar o aniversário, mas com as atuais incertezas, acabámos por reduzir ao mínimo a celebração”, explica Guilherme. Assim, nesta terça, 30, os clientes da casa, os mesmos que “permitiram ao Batô manter as portas abertas” podem contar com uma mão cheia de DJ para “bater as últimas cinco décadas de música.” Além dos atuais Mário Carvalho, Ze Quinha, Jorge Vieira e Renato Afonso, na cabine vão estar também alguns dos DJ mais antigos, como José Araújo e Abel.

Sem guest list, foram enviados convites para a festa – quem não o tenha recebido, arrisca-se a ficar à porta da discoteca, atualmente, com uma lotação de 98 pessoas. “Antes da pandemia, era confortável termos cá 200 pessoas ao mesmo tempo”, lembra Guilherme. Decorado como se fosse um navio, o Batô mantém uma mística e um encanto que não se replica, nem se recria noutro lugar. Das portas pretas com letras brancas da entrada aos dois bares e à pista (agora sem sofás e pufes, que passaram para os varandins do piso superior), dos interiores em madeira às bolas de espelhos a rodar, tudo se mantém igual. Até as escotilhas, o leme e a âncora de ferro continuam por ali.

Apesar de olharem o futuro com alguma incerteza, dadas as restrições da pandemia, Guilherme e Tó Mané estão habituados “a navegar contra ventos e marés para se manter à tona.” E não desistem de manter o Batô vivo, pois não há qualquer outro destino para um lugar como este, que, há 50 anos, “alterou o rumo da noite” no Grande Porto. Até final do ano, somam-se ainda alguns fins de semana para festejar e, na última quinta de dezembro, dia 30, haverá mais uma Noite do Baú. É caso para dizer Navegar é preciso, como canta Lula Pena, pois ninguém irá abandonará este barco.

Batô > Lg. do Castelo, 13, Leça da Palmeira > 30 nov, ter 23h30-4h (entrada por convite) > sex-sáb e última quinta-feira do mês (Noite do Baú) 23h30-4h

in Visão7



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