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Hoje em dia temos a hábito de nos referir aos locais tendo por referência os centros comerciais, as grandes superfícies, ou os bairros. Como exemplo posso referir a Cohaemato, o Lar do Trabalhador, O PIngo Doce, o Lidl.
Se pretendermos indicar uma morada ou um local são estas as coordenadas de referência que utilizamos. Quantos de nós não utilizamos já a expressão «sobes a avenida e vais até ao Pingo Doce», entre outras.
Mas sou do tempo em que as moradas eram indicadas tendo por base os locais. Quem, como eu, é de Leça, com toda a certeza se lembra de utilizar o nome dos locais: Amorosa, Bataria, Gonçalves, Pedras Novais, Monte das Varas, Santana, Aldeia Nova, Icas, Monte Espinho, Adega Amarela, Rodão, etc.
Hoje quero refletir sobre o lugar de Gonçalves. Porquê? Porque é, talvez, aquele que mais se mantém inalterável. Todos os outros sofreram transformações profundas, urbanizaram-se e foram beneficiados com infraestruturas fundamentais.
O LUGAR DE GONÇALVES NÃO.
Há uns tempos trouxe um amigo a Leça. Deambulamos pela freguesia, vimos os principais pontos turísticos. ELE FICOU MARAVILHADO COM LEÇA.
Depois levei-o a Gonçalves. Partimos do hipódromo, passamos o túnel sob a A28 e percorremos a rua principal, tendo o cuidado de visitar o denominado Bairro dos Pobres.
A certa altura ele deixa escapar a expressão:
– Como é possível um local destes tão perto de Leça?», ao que respondi:
– Isto é Leça!
Pois é. O Lugar de Gonçalves continua esquecido. Nos últimos anos fez-se o saneamento e o viaduto de ligação à Vila Franca. Mas nada mais.
Gonçalves continua a ter um péssimo piso, valetas a céu aberto que conduzem águas, nem sempre pluviais, uma péssima iluminação noturna e continua sem ter transportes públicos.
A questão dos transportes é a que mais me preocupa. Quando se fez a ligação pelo viaduto, permitindo fugir ao túnel, sempre perigoso e escuro, foram criadas as condições para a passagem das camionetas da Resende, o que aconteceu durante algum tempo.
Mas a empresa, alegando prejuízos, terminou com a carreira, obrigando a população – na sua grande maioria idosa – a fazer quase um quilómetro para apanhar a carreira que vem de Santa Cruz.
E o serviço público? Temos de medir tudo pela bitola do lucro? E as condições de vida das populações?
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