Novo livro da FAP recorda ”O Movimento Estudantil no Porto antes e depois do 25 de Abril”

Francisco Porto Fernandes, presidente da FAP
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Sessão de apresentação contou com a presença de Rui Rio, João Moreira e Joel Cleto. Convidados recordaram o papel dos estudantes da Academia do Porto na luta pela liberdade democrática.


O “Movimento Estudantil no Porto antes e depois do 25 de Abril” é o nome do livro que acaba de ser apresentado pela Federação Académica do Porto (FAP) e que conta com a autoria de João Moreira e com prefácio de Joel Cleto. Em homenagem ao marco histórico dos 50 anos do 25 de Abril, a sessão de apresentação do livro decorreu ontem, 24 de abril, no Polo Zero, e contou com a presença de João Moreira, Joel Cleto e Rui Rio.

Um alerta contra o populismo

Francisco Porto Fernandes, presidente da FAP, afirmou que “a Revolução dos Cravos é uma lembrança constante da luta pela liberdade de expressão, justiça social e democracia, mas também uma recordação do que não pode voltar a acontecer”, deixando ainda o alerta para os “perigos do populismo”. “É imperativo reconhecer que a ignorância e a falta de conhecimento são terrenos férteis para a propagação de partidos extremistas e que minam a qualidade democrática”, frisou o presidente da FAP.

Joel Cleto, historiador e arqueólogo portuense, e também autor do prefácio, salienta que “muito se fala das lutas académicas de Lisboa e Coimbra, mas o Porto também teve os seus desafios”. Ao recordar os desafios, explica que os estudantes lutaram “pelo direito à liberdade, pela manutenção de professores que foram expulsos e pelo fim da guerra colonial. O 25 de Abril é uma data que, em liberdade, permitiu que novos temas, ideologias e combates passassem a ser travados pelos estudantes da Academia do Porto”, esclarece Joel Cleto.

Apresentação do novo Livro da FAP "O Movimento Estudantil no Porto antes e depois do 25 de Abril"
“O Movimento Estudantil no Porto antes e depois do 25 de Abril”

O Movimento Estudantil no Porto antes e depois do 25 de Abril

Rui Rio, que também contribuiu com o seu testemunho para o livro, relembra que foi eleito presidente da associação de estudantes há 43 anos. Confessa que, quando ainda frequentava o ensino secundário, “o fantasma de ir para a guerra era forte”. “Achava que ia ter de ir para a guerra, não era o serviço militar obrigatório, era a guerra”, frisa o antigo dirigente estudantil e ex-presidente do PSD e da Câmara Municipal do Porto. Ao longo da conversa, explicou que, mesmo antes do 25 de Abril, já “sabia o que era a democracia”, pelo simples facto de ter estudado no Colégio Alemão do Porto, e que aprendeu “aquilo que não se estudava na escola pública portuguesa”. Ainda assim, dada a cultura alemã, “o sistema de disciplina no colégio era praticamente igual ao sistema português”, mas ressalta que não quer que os jovens fiquem “com a ideia de que antes do 25 de Abril era tudo um terror e depois tudo se resolveu”. “Os desafios continuaram, só que com espaço para o diálogo e liberdade de pensamento”, rematou.

João Moreira, autor do livro, licenciado em História e doutorando em Ciências da Educação, fez uma breve passagem pelos anos da ditadura, pelo papel que os estudantes desempenharam na luta pela liberdade, assim como pelas greves e pela resistência estudantil. Conclui que, apesar do “ambiente social, nos anos 70 não ser o mesmo que temos hoje, a cultura de associativismo estudantil parece, felizmente, ter ainda relevância para os estudantes dos nossos dias”.

A educação como chave para a Liberdade

Após a sessão de apresentação do livro “O Movimento Estudantil no Porto antes e depois do 25 de Abril”, os convidados dirigiram-se até à sede da FAP, onde, ao som do Grupo de Fados Literatus, foi inaugurada uma placa em memória a todos os presos, perseguidos, vigiados, suspensos e expulsos durante os anos da ditadura. “Esta placa é também uma forma de eternizar os 50 anos do 25 de Abril, e que nunca nos esqueçamos que a educação é, sem dúvida, a chave para a liberdade”, assegurou Francisco Porto Fernandes.

Grupo de Fados Literatus


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