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É com um misto de estupefação e de indignação que tenho assistido na comunicação social ao evoluir das obras nas praias abrangidas pelo mau tempo deste inverno. Isto porque as notícias são completamente contraditórias quando vistas concelho por concelho.
Começo por recordar que o mau tempo que assolou a orla costeira durante meses, se fez sentir e teve consequências negativas, quer no concelho e Matosinhos, quer nos concelhos vizinhos. Não me parece que algum tenha escapado ou possa dizer que ficou melhor ou pior que o vizinho.
Assim, estando a época balnear no seu início, é difícil entender como em alguns concelhos as obras estão praticamente concluídas e, em Matosinhos, mais concretamente em Leça da Palmeira, nem sequer começaram.
Na comunicação social foi possível ler que, em Gaia, os passadiços estão reconstruidos e foi reposto o areal nas praias. Isto foi possível porque a Câmara Municipal de Gaia, atempadamente, pôs em execução um plano de intervenção urgente que havia delineado.
Em Leça da Palmeira, os passadiços continuam destruídos, algumas praias apenas apresentam rochas em vez de areia, os muros da marginal continuam arrancados e as praias continuam sujas.
Alguns poderão pensar que é uma questão económica. Contudo, quando se houve o presidente da Câmara Municipal de Gaia denunciar a péssima situação financeira da autarquia gaiense e o presidente da Câmara Municipal de Matosinhos elogiar a situação financeira da edilidade matosinhense, entende-se que não é uma questão económica: quem não tem dinheiro fez as obras e quem tem dinheiro não.
Então, se não foi por falta de dinheiro, por que razão a Câmara de Matosinhos não é tão célere e eficaz como a Câmara de Gaia?
O Presidente da Câmara de Matosinhos afirma que a culpa é da APDL que tem a gestão e controlo das praias e que não faz as obras necessárias. Pois que seja, mas não é a mesma APDL a responsável pelas praias de Gaia?
Este atirar de culpas para terceiros não me satisfaz enquanto leceiro. Já assistimos a este filme aquando da notícia da perda da bandeira azul pela praia de Leça. Nessa altura a culpa foi da empresa que fez as análises.
Em Matosinhos estamos habituados a que a Câmara Municipal nada tenha a ver com os assuntos quando estes são maus e seja sempre a protagonista quando são positivos.
O cerne da questão está no planeamento. Matosinhos não planeia, não prevê; apenas reage. Daqui resultam os atrasos na execução das obras, pois depois há prazos que têm de ser cumpridos. Por isso, reage mal.
Ainda esta semana tivemos um exemplo disto mesmo quando houve a fuga de gás que fez evacuar edifícios junto á fonte luminosa. Uma vez mais o presidente da Câmara veio a terreiro atirar as culpas para terceiros, ao afirmar que a culpa é da EDP Gás que não apresenta as plantas e os projetos das zonas de corte do gás. E uma vez mais resolveu agir exigindo que a empresa apresente essas plantas na comissão municipal de emergência e proteção civil. Esqueceu-se foi de dizer que raramente (ou nunca) reúne este órgão.
Creio que era a altura de a Câmara Municipal de Matosinhos deixar de lado a política da vitimização e passar a ser ativa, pois foi para isso que os matosinhenses, com uma larga maioria, lhe deram o seu voto. Convém que o Presidente da Câmara tenha sempre presente a razão de ser do Poder Local, tal como está consagrado na Constituição: dar uma resposta rápida e eficaz às reais necessidades das populações locais.
Até à próxima semana.
Saudações leceiras
Joaquim Monteiro
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