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Em Portugal assistimos muitas vezes a um fenómeno que noutros países não ocorre, pelo menos com tanta frequência: as obras públicas causarem o caos. Matosinhos não é exceção.
Este é um assunto sobre o qual me custa escrever pois parto sempre do princípio que as obras, quando se fazem, são mesmo necessárias e visam o bem comum, ou seja, procuram melhorar as condições da população em geral.
Também porque se os responsáveis, neste caso autárquicos, as não fizerem são acusados de inoperância e de desleixo. Todos nós já criticamos a Câmara Municipal de Matosinhos por não fazer certas obras, por não ser célere a atender às necessidades das populações. Eu mesmo, neste espaço, já por variadas vezes o fiz, nomeadamente quando o mau tempo destruiu os passadiços e a Câmara Municipal de Matosinhos demorou bastante a mandar repará-los.
O que é criticável é quando as obras se fazem atendendo a critérios eleitoralistas e não às reais necessidades da população. Pode não ser o caso, pode até ser só coincidência, mas a verdade é que, «de repente», nos vimos cercados de obras que condicionam grandemente o nosso quotidiano.
A A28 está diariamente entupida, muitas vezes logo desde a Exponor. A saída por Leça da Palmeira é quase impossível, até porque as obras que parece nunca mais acabarem na Rua Óscar da Silva, atiram com o trânsito todo para a Avenida Fernando Aroso. Sair para Santa Cruz, pelo IKEA, tornou-se mais difícil com as obras junto ao Sardão, que cortam a via e lançam o trânsito todo para a rua central de Santa Cruz, a Rua Gonçalves Zarco, que não tem condições para receber todo este trânsito. Fugir pela antiga N107 também não é opção, pois as obras continuam e parece que vão durar muito mais. Assim, não resta outra opção senão ir para a confusão.
Depois de passar a «ponte grande», como é conhecida a ponte da A28, sair para Matosinhos também não é opção. O centro de Matosinhos encontra-se em obras, nomeadamente a Avenida Serpa Pinto, o que condiciona todas as vias circundantes.
Outro aspeto criticável é o tempo que as obras duram. Até parece que não há planificação e não existe um caderno de encargos. As desculpas que normalmente vêm a público são a insolvência ou as dificuldades económicas dos empreiteiros responsáveis pelas obras.
Até pode ser verdade, mas muitas vezes o que se verifica é que o empreiteiro responsável pelas diferentes obras é o mesmo e não tem capacidade para responder a todas ao mesmo tempo. Neste caso, não será conveniente que o caderno de encargos preveja esta situação? Não será que é de exigir compensações económicas aos empreiteiros que não cumprem?
Aceito o lema que muitos autarcas usam, «não há obras sem sofrimento», mas também lhes compete zelar pelo cumprimento de prazos e qualidade das obras. Afinal, obras não têm de ser sinónimo de caos.
Até à próxima semana.
Saudações leceiras
Joaquim Monteiro
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