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Nunca tive a oportunidade de viajar até à América Latina, mas muitas das pessoas que conheço que já o fizeram transmitiram-me uma imagem de embelezamento das zonas turísticas, de áreas restritas para os “resorts” em que os turistas viam «países de sonho» mas, se por acaso saíssem dessas zonas delimitadas, a realidade era bem diferente. O mesmo acontecia com as proximidades dos edifícios governamentais. Áreas bem tratadas, com jardins belíssimos, bem guardadas, com estruturas arquitetónicas modernas, renovadas, mas nas traseiras podiam encontrar bairros totalmente degradados.
Parece-me que os nossos governantes autárquicos têm a mesma visão do que é a gestão do erário público.
Neste momento estão a ser reparados os passeios circundantes ao jardim Eng. Fernando Pinto de Oliveira (o jardim ao lado da igreja). Máquinas arrebentam os passeios existentes e fazem-se novos.
Até aqui nada de especial. No entanto, não me parece que fossem os passeios mais degradados existentes em Leça da Palmeira. Bem pelo contrário. Existem zonas de Leça da Palmeira que estão muito mais necessitadas de passeios e, numa altura de crise, em que a gestão dos dinheiros públicos deve ser rigorosa, com opções bem definidas, parecia-me bem mais importante a construção dos passeios na Avenida Dr. António Macedo (rua da Exponor) ou na Rua Gonçalves Zarco, na zona do Gonçalves.
A justificação que encontro para esta opção dos nossos governantes poderá ser a proximidade das festas da cidade, o querer embelezar a zona envolvente à Junta de Freguesia, um pouco ao modo da América Latina. No entanto, não posso deixar de referir que a Avenida Dr. António Macedo é, também, uma das principais vias de projeção da imagem da freguesia ao exterior. Na altura das feiras/amostras na Exponor são milhares os que nos visitam e, estacionando nas áreas circundantes ao recinto, levam uma imagem muito negativa da freguesia em virtude da não existência de passeios.
Relativamente ao lugar de Gonçalves, relembro que a construção dos passeios é uma promessa antiga e que vem nas Grandes Opções do Plano e Orçamento de 2016 do executivo da Junta de Freguesia. Claro que ainda estamos em julho e ainda falta quase meio ano para se construírem estes passeios. No entanto, não esqueçamos que julho e agosto são meses de férias, em que pouco se faz em termos de obras e, depois aproxima-se rapidamente o final de ano, chega o outono com o seu tempo mais incerto e quando se repara o ano acabou.
São simples opções políticas dos nossos governantes. Têm toda a legitimidade em faze-las, tal como os leceiros têm toda a legitimidade em as questionar. Poderá até haver outro tipo de explicação, que não as festas, para a execução prioritária da construção destes passeios na zona circundante da Junta de Freguesia, mas até ao momento, nada ainda foi explicado ao leceiros.
Por tudo isto, parece bem evidente que os nossos governantes autárquicos continuam a insistir da execução de obras de «fachada», que deem visibilidade, que permitam a inauguração e o corte de fitas, deixando de lado as reais necessidades das pessoas.
Um outro exemplo deste distanciamento relativamente às necessidades das pessoas é a questão do temporizador dos semáforos junto à igreja/correios/Junta. O executivo já foi alertado variadas vezes para o assunto e continua a ser curto o tempo de passagem para os mais idosos. Muitas vezes são «apanhados a meio» pela passagem a vermelho.
E estamos a falar na área circundante à Junta de Freguesia, o que aumenta ainda mais a estupefação.
Até à próxima semana.
Saudações leceiras
Joaquim Monteiro
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