Ordem dos Arquitectos revela o estado da Arquitetura em Portugal

Gonçalo Byrne - Presidente da Ordem dos Arquitectos
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7649 arquitetos responderam ao inquérito dirigido aos membros da Ordem dos Arquitectos, no âmbito do Observatório da Profissão, com o objetivo de dar a conhecer o seu perfil, caracterização sociodemográfica, condições financeiras e de prática da profissão, entre outros parâmetros.


A Ordem dos Arquitectos (OA), com o intuito de conhecer os seus membros, a prática da profissão, no momento atual, e o estado da Arquitetura, em Portugal, promoveu um inquérito dirigido a todos os seus membros, desenvolvido por investigadores do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa (CESOP). Esta iniciativa, assente num forte compromisso de valorização da Arquitetura, e que decorre no âmbito do Observatório da Profissão, visa entender a realidade da profissão, em Portugal, e desenhar as perspetivas para o futuro.

No inquérito realizado, entre 15 de setembro e 30 de outubro de 2022, participaram 7649 arquitetos, entre membros efetivos e estagiários da Ordem dos Arquitectos, o que se traduz num resultado histórico, sendo a adesão registada a maior de todos os trabalhos congéneres alguma vez realizados, o que corrobora a importância desta iniciativa e da necessidade de auscultar a profissão.

Perfil

A maioria dos participantes (53%) é do sexo masculino e as idades variam entre os 22 e os 90 anos (média: 43). A maioria dos inquiridos (mais de 70%) formou-se nos últimos 20 anos e 90% exerce, atualmente, Arquitetura na sua atividade profissional.

Observando-se os dados obtidos, conclui-se que cerca de 70% dos arquitetos portugueses trabalham nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto e apenas 16% atua fora dos grandes centros urbanos.

Vínculo laboral

No que respeita ao tipo de vínculo laboral, 38% dos arquitetos inquiridos são trabalhadores independentes, 55% trabalham a partir de casa e 29% têm atelier próprio.

Nos últimos 5 anos, a habitação (78%) e os serviços (46%) encontram-se entre os tipos de encomendas mais requeridas aos arquitetos portugueses que responderam ao inquérito.

Outro dado revela que 15% dos arquitetos auscultados trabalham na função pública e 60% desses profissionais têm um vínculo laboral por tempo indeterminado, ou seja, são efetivos. Ainda a respeito da colaboração neste setor, o número de arquitetos não ultrapassa os 10 por serviço em mais de 80% dos casos, dos quais 58% têm entre 1 e 5 arquitetos. Já olhando para o setor privado, 34% trabalham por conta de outrem e, destes, 65% têm um contrato sem termo.

Importa ainda referir que mais de 70% das empresas com serviços de Arquitetura conta com 1 a 5 arquitetos, o que demonstra a reduzida dimensão das mesmas.

Condições de trabalho

Relativamente às condições de trabalho, mais de um terço dos arquitetos que participaram neste estudo (38%) afirma ter um rendimento líquido aproximado ou abaixo do salário líquido médio estimado em 968,09 euros. De salientar que cerca de metade dos membros inquiridos (48%) reconhece trabalhar mais de 40 horas semanais.

Volume anual de negócios

No que respeita ao volume anual de negócios das sociedades e empresas de Arquitetura este não ultrapassa os 100 mil euros, em 64% dos casos.

Estas e outras conclusões podem ser consultadas no relatório final, disponível no website da OA.

A respeito dos resultados obtidos, Gonçalo Byrne, presidente da Ordem dos Arquitectos, afirma: “Não poderíamos estar mais satisfeitos depois de constatarmos a forte adesão registada por parte dos membros, de norte a sul do país, não esquecendo os Açores e a Madeira, a este primeiro momento de auscultação. É, sem dúvida, um bom indicador que demonstra que todos estamos alinhados e empenhados em compreender as reais necessidades da prática da profissão, que queremos mais e melhor para o futuro dos arquitetos, sempre com foco na valorização da Arquitetura em Portugal. Importa agora que a recolha de dados relevantes seja sistemática e continuada, para responder, em cada momento, aos desafios que se colocam, à Arquitetura e aos arquitetos.”

Ainda no segundo trimestre de 2023, a Ordem dos Arquitectos vai lançar um segundo inquérito, desta vez dirigido a não membros, diplomados em Arquitetura não inscritos na Ordem, por forma a conhecer também a realidade deste universo, a par de outras iniciativas promovidas no âmbito do Observatório da Profissão, com o intuito de aprofundar, com rigor e em permanente atualização, o conhecimento da prática profissional, e obter dados que permitam adotar, no futuro, medidas essenciais para o bom desempenho da atividade, no nosso país, e construir um verdadeiro alicerce para o futuro da profissão.

Formalizado no final do ano de 2021, o Observatório da Profissão pretende continuar a ser um pilar essencial da instituição, estruturante para a ação dos arquitetos e para a Arquitetura em si, contribuindo para a afirmação da Ordem dos Arquitectos enquanto agente de promoção da inovação e melhoria das condições da prática da profissão, com impacto em todo o território nacional.



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