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Leça da Palmeira continua a ser uma freguesia jovem. O número de crianças que frequentam os Jardins de Infância e as escolas do 1º Ciclo servem de referência para o que acabo de afirmar.
Já tive a oportunidade de escrever sobre os jovens de Leça da Palmeira, mais concretamente nas dificuldades que sentem em continuar a viver nesta freguesia, seja pela questão laboral, seja pela questão habitacional.
Mas hoje pretendo refletir um pouco sobre o «outro lado», os mais idosos.
O número de idosos de Leça da Palmeira também tem aumentado significativamente, tal como no resto do país, fruto do aumento da esperança de vida.
Já me pronunciei diversas vezes sobre a importância que os «avós» têm na vida quotidiana das famílias. É inegável a disponibilidade dos mais idosos para levar e ir buscar os netos às escolas, para ficar em casa dos filhos enquanto estes vão trabalhar ou simplesmente socializar, fazendo graciosamente de babysitters, ou seja, de graça.
Mas ser idoso em Leça da Palmeira não é só estar disponível para a família. Também é a ocupação dos tempos livres, nomeadamente a atualização de conhecimentos, a prática desportiva e atividades lúdicas.
Até há poucos anos os idosos leceiros tinham poucas alternativas. Ainda me lembro de os ver a jogar às cartas em mesas improvisadas junto à capela da Boa Nova, nos jardins junto à ponte móvel ou então, simplesmente sentados a conversar nos bancos junto aos correios ou em frente à igreja.
[h2]Hoje tudo está diferente. Os idosos têm inúmeras alternativas. [/h2]O Centro de Dia é uma oportunidade para os idosos. Permite o convívio saudável entre pessoas da mesma faixa etária e a realização de atividades diversificadas. Mesmo a Junta de Freguesia tem programas de apoio à terceira idade que permite a execução de diversas tarefas.
O importante é que os idosos encarem esta nova etapa da sua vida não com uma atitude passiva, de espera que o tempo se esgote, mas sim com uma atitude ativa, de insatisfação, de reivindicação, de exigência dos direitos que têm e do muito que ainda têm para dar à comunidade leceira.
A este respeito quero destacar o programa que a Escola Secundária da Boa Nova que tem colocado os jovens estudantes dos cursos profissionais a ensinar os mais «velhos» no que respeita à utilização das novas tecnologias. Todos sabemos que os computadores são peças fundamentais, indispensáveis mesmo, nos tempos modernos. Se muitos dos pais têm grande dificuldade em lidar com estas tecnologias, recorrendo frequentemente à ajuda dos filhos, os avós têm, obviamente, uma dificuldade acrescida.
Mesmo tendo crescido e vivido a maior parte da sua vida sem a existência de computadores e de internet, os avós têm direito a usufruir de todas as potencialidades que estas novas tecnologias permitem. Este tipo de programas que a escola Secundária da Boa Nova leva a cabo são de elogiar, mas mais importante, são de apoiar. Já tive a oportunidade de ver em dois dos canais de televisão que emitem em sinal aberto a reportagem de divulgação deste programa. Quero destacar aqui dois aspetos que me chamaram a atenção: em primeiro lugar, o modo como aqueles jovens desempenhavam a sua função de «professores», a paciência e disponibilidade que demonstravam e, acima de tudo, a alegria, a satisfação de estar ali a fazer aquilo. Em segundo lugar, a forma como os mais idosos recebiam as aulas, o empenho que colocavam na execução das tarefas e os «mimos» com que tratavam os professores. As entrevistas efetuadas a alguns dos «alunos seniores» são representativas dessa mesma satisfação.
Até à próxima semana.
Saudações leceiras
Joaquim Monteiro
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