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Com o novo Terminal de Cruzeiros inaugurado, o Porto de Leixões pode agora receber grandes embarcações e visitas guiadas. Fomos descobrir que mais há para fazer em redor do centenário porto.
Porto de Leixões – Cenário de Matosinhos desde 1892
Faz parte do cenário de Matosinhos desde 1892, ano em que foi inaugurado, mas ainda hoje continua a deslumbrar quem por lá passa, quer pela sua grandiosidade quer pelo constante movimento de partida e chegada de embarcações. A ideia da construção do Porto de Leixões data do reinado de D. João V. Já na altura se reconheceu que o conjunto de rochedos na foz do rio Leça podia ser favorável à construção de um porto artificial. No entanto, pouca ou nenhuma relevância foi dada ao projeto na altura. Só quando o vapor Porto naufragou à entrada do Douro, em 1852, acidente que vitimou 66 passageiros e tripulantes, o governo tomou a iniciativa de avançar com a construção.
Os trinta anos seguintes foram dedicados aos trabalhos de observação local e em 1883 começaram as obras. Nove anos depois, a primeira fase ficava concluída. Na altura, era apenas um porto de recurso, servindo para acolher navios que, devido a cheias ou tempestades, ficavam impedidos de alcançar o Douro. Mas rapidamente se chegou à conclusão de que deveria ser transformado em porto comercial. Depois de vários impasses e alargamentos, tornou-se comercial e o movimento de mercadorias veio aumentando de ano para ano. Em 2015, voltou a ser novidade, com a inauguração do Terminal de Cruzeiros, uma marcante obra arquitetónica criada para melhorar a eficácia comercial do Porto de Leixões.
O Terminal de Cruzeiros
A obra, assinada pelo arquiteto Luís Pedro Silva, faz lembrar um rolo de papel a desenrolar-se e é composta por quatro «braços» – um vai até ao navio, outro até ao molhe sul, outro até à cidade e o último termina dentro do edifício. Ao longe, a obra desperta a curiosidade, mas vista de perto é avassaladora. De frente para ela somos engolidos por uma luz imensa, refletida pelos azulejos hexagonais brancos que surgem ao longo de todo o edifício. São cerca de um milhão e foram produzidos pela Vista Alegre. A sua colocação desigual faz que não haja dois mosaicos seguidos na mesma posição, o que provoca um bonito jogo de luz, que reflete várias tonalidades.
Do luminoso átrio comum, a partir do qual o edifício se ergue em espiral, é possível ver os três pisos superiores. O primeiro, para onde se sobe por elevador ou por uma rampa curva, destina-se às funções de logística a passageiros. O segundo está reservado ao Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha da Universidade do Porto. Neste piso, há dois curiosos detalhes: a boca-de-incêndio vermelha em forma de peixe, as saídas do ar condicionado em forma de guelras, no teto, e a saída para o exterior, a fazer lembrar a boca de uma baleia.
No terceiro e último piso, a vidraça do chão até ao teto deixa ver um cenário amplo de mar e terra. Mas é no anfiteatro ao ar livre, com uma parede inclinada de 14 metros, que os olhos se perdem no oceano e por Leça da Palmeira, Matosinhos e Porto. Estamos longe do solo e a 40 metros do mar. O anfiteatro irá receber vários eventos, assim como, no interior, a Sala Nobre. Este último piso irá também contar, em breve, com um restaurante.
TERMINAL DE CRUZEIROS DO PORTO DE LEIXÕES.
Tel.: 229990700.
Visitas Guiadas
Nas redondezas
À volta do Porto de Leixões há muito que ver e fazer. A Quinta da Conceição acolheu, desde 1481, o Convento de Nossa Senhora da Conceição da Ordem de São Francisco. Na década de 1960, a quinta sofreu alterações, tendo sido criados o pavilhão de ténis e a piscina, esta da autoria de Siza Vieira. De junho a setembro, é possível desfrutar da piscina e no resto do ano dos espaços verdes, das esculturas, das fontes e da Capela de São Francisco.
A meio quilómetro fica o Museu da Quinta de Santiago. Este edifício histórico, datado de 1800, foi um projeto do arquiteto italiano Nicola Bigaglia. Em 1996 foi inaugurado como espaço museulógico. Tem dois pisos – o primeiro dedicado à história local e social, o segundo com exposições de longa duração. Pelo jardim que rodeia o museu há esculturas de Siza Vieira, Rui Anahory e Lagoa Henriques. Retratos de Ilustres em Matosinhos é a exposição patente até 20 de março.
Não tão antigo como o museu, mas não menos interessante, é o Mercado de Matosinhos. Foi construído na década de 1940 e reabilitado faseadamente a partir de 2007, tornando-se um espaço cada vez mais cosmopolita e organizado. Peixe fresco, fruta e verduras continuam a ocupar os seus lugares, agora com vizinhos como as bicicletas da Velo Culture, o streetwear da loja Menino & Moça e o sushi do restaurante Sushi no Mercado.
Visitar
QUINTA DA CONCEIÇÃO. Av. Antunes Guimarães, Leça da Palmeira. Tel.: 229390900. Horário: Das 09h00 às 19h00.
MUSEU DA QUINTA DE SANTIAGO. Rua de Vila Franca, 134 Leça da Palmeira. Tel.: 229952401. Horário: Das 10h00 às 18h00. Encerra de sábado a segunda. Entrada: 1 euro (o jardim é gratuito)
MERCADO MUNICIPAL DE MATOSINHOS. Rua França Júnior. Tel.: 229376577
Os contentores
Quem passa junto ao porto, pelo lado de Matosinhos, repara nos contentores vermelhos com excertos da Ode Marítima de Álvaro de Campos. Fazem parte da Barreira de Contentores, composta por unidades recicladas, inaugurada em setembro de 2011. Foi a solução encontrada para travar a poeira e o ruído que incomodavam os moradores. Ao todo, os contentores perfazem 400 metros de largura e 7,50 de altura. A Barreira é da autoria do designer Francisco Providência, do gabinete de arquitetura Menos É Mais, e teve o acompanhamento do Instituto do Ambiente e Desenvolvimento da Universidade de Aveiro
Comer
Pelo caminho não faltam lugares onde parar para repor as energias do passeio. Do lado de Matosinhos, contam-se dezenas de restaurantes dedicados ao peixe fresco e ao marisco. Nos últimos anos, alguns começaram a apostar também no sushi, como é o caso do Xarroco, que na carta apresenta também ceviche. Do lado de Leça da Palmeira, apesar de também haver lugares de peixe, destaca-se o Terminal 4450. Uma «churrasqueira moderna» que ocupa o lugar do antigo terminal de passageiros do Porto de Leixões.
XARROCO. Rua Heróis de França, 507, Matosinhos. Tel.: 229381649. Não encerra. Preço médio: 25 euros.
TERMINAL 4450. Porto de Leixões, Av. Antunes Guimarães, Leça da Palmeira. Tel.: 919851933. Encerra à segunda. Preço médio: 20 euros.
DN
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