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De 26 a 28 de junho, os Piratas voltam a invadir Leça da Palmeira, numa recriação histórica de meados do século XIV através da qual a câmara de Matosinhos quer “reconstituir o ambiente que se vivia no tempo em que os piratas se passeavam” naquele território.
Criações de piratas, visitas guiadas ao forte, caça ao tesouro, baile de máscaras, teatro de comédia e espetáculos de fogo e piromusicais são algumas das iniciativas previstas para os três dias de recriação histórica, durante os quais haverá um programa especialmente dedicado aos mais novos.
“No mercado, decorrerão, em permanência, várias atividades lúdicas (música, canto, dança, malabarismo e acrobacia, jogos de destreza, falcoaria, treino de armas) e nas tabernas e tendas do mercado ecoarão os pregões e os ditos de incitamento ao comércio”, diz ainda o programa do evento que irá ocupar a zona envolvente do Forte de Leça da Palmeira.
A recente descoberta realizada em Perafita, pelo Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Matosinhos, de uma fortificação com cerca de mil anos, muito provavelmente destinada a proteger as populações costeiras do ataque de vikings, veio relembrar que, durante séculos, a história desta região se fez também de piratas e pirataria. Normandos, mouros, franceses, ingleses, holandeses…
[h2]Os elos que ligam Matosinhos e Leça aos piratas[/h2]Desde muito cedo profundamente ligada ao mar pela pesca, produção de sal e construção naval, Matosinhos passará a destacar-se também, a partir do século XII, como terra de afamados “homens do mar” ligados ao comércio marítimo. E durante os séculos seguintes, nomeadamente com a Expansão Marítima, esta será, cada vez mais, uma terra de marinheiros, pilotos, contramestres, capitães de navios e… piratas. Com efeito, para fazer face às pilhagens e assaltos das embarcações inimigas, os portugueses responderam com o incremento dos corsários. Isto é, de piratas ao serviço de grandes senhores ou da própria coroa. Um dos mais poderosos senhores nesta região no século XIV, João Rodrigues de Sá, alcaide-mor do Porto e donatário de Matosinhos, tinha aqui fundeados barcos de corso. Mas não era caso único. Outros fidalgos utilizavam Matosinhos e Leça como o porto das suas caravelas piratas. Caso, no século XV, de Fernão Coutinho, que se tornaria num dos principais impulsionadores e padroeiros do convento de Nossa Senhora da Conceição (a atual Quinta da Conceição). E o próprio Gonçalves Zarco (que se não era daqui natural, para cá veio muito cedo e aqui casou), que se notabilizaria como o “descobridor” da Madeira, foi de início um corsário.
Mas os outros piratas continuaram sempre a rondar as nossas costas. E foi devido aos seus roubos e ao rapto que faziam dos nossos homens do mar (para obterem resgates) que, face à crise que por tal motivo a povoação então vivia, Matosinhos obtém em 1621 a autorização real para realizar uma grande feira, franca, durante o período que durasse as Festas ao Senhor de Matosinhos: tradição que se mantém até aos nossos dias! Para obstar à ação dos piratas vigiavam-se as praias, montavam-se atalaias e construíram-se fortificações. Como o Forte de Nª Senhora das Neves – o castelo de Leça.
E são mais, muitos mais, os elos que ligam Matosinhos e Leça aos piratas. Mas, o melhor mesmo, é vir (re)descobri-los!
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