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Portugal lidera em tecnologia para a mobilidade elétrica graças aos engenheiros e parcerias do centro de inovação sedeado em Matosinhos.
O Centro de Excelência para a Inovação da Indústria Automóvel (CEiiA) prepara-se para liderar a revolução em mobilidade elétrica na Europa. Dentro de dias, vai à Conferência Climática em Paris apresentar o primeiro sistema de gestão de redes inteligentes que monitoriza dados em tempo real que poderá vir a ser adotado por toda a Europa. E, dentro de poucos meses, a bicicleta elétrica concebida em Matosinhos e produzida em Águeda irá integrar as redes que as cidades portuguesas vão implementar com os fundos do Portugal 2020.
“Para utilizarmos um veículo elétrico, temos de pensar nos postos de carregamento e na gestão da rede”, explica Helena Silva, diretora executiva do CEiiA. O sistema desenvolvido para a Mobie – Rede Nacional de Mobilidade Elétrica integra os operadores de serviços de mobilidade, desde transportes públicos a serviços de partilha de carros ou bicicletas, ligando-os aos equipamentos (veículos, postos de carregamento, entre outros) e fornece informação em tempo real aos utilizadores e decisores.
“As cidades podem monitorizar as suas emissões de CO2, definir políticas em função disso ou entrar no mercado do carbono [vender quota de emissões a quem não cumpra os parâmetros]”, sintetiza.
O sistema permite saber, por exemplo, que, no último mês, o Porto poupou uma tonelada de emissões graças a 60 utilizadores da rede de postos de carregamento. Estes números deverão aumentar significativamente no próximo ano, quando uma série de autarquias implementarem redes de partilha de bicicletas.
“Não posso dizer quantas autarquias são, mas posso adiantar que são muitas, porque a Europa definiu metas muito claras para 2020 e disponibilizou fundos para esse objetivo que Portugal vai aproveitar”, revela Helena Silva.
A mobilidade elétrica tem estado sempre ligada aos projetos do CEiiA, incluindo a conceção de um veículo elétrico para serviços de partilha (o “BE”) cuja fase de produção deverá arrancar “muito em breve”, a meias entre Portugal e o Brasil, e que já tem interessados em países como a Dinamarca ou a Holanda. Desenvolveram também a “app” que permitirá aos operadores gerir frotas e aos utilizadores fazer reservas, abrir portas e dar o arranque dos carros.
No CEiiA, os projetos são como as cerejas: surgem ligados, unem fornecedores (inicialmente de automóveis, mas hoje também de aviões e helicópteros), partilham centros de investigação, correm o Mundo e elevam o valor dos engenheiros portugueses. No ano passado, o centro, que não tem fins lucrativos, teve um volume de negócios de 25 milhões de euros.
Veja-se o caso das bicicletas que vão começar a ser construídas em janeiro, em Águeda, para as autarquias portuguesas. As “Mareanas” nasceram de outro projeto do CEiia, no Brasil, em 2013, que visava ligar a favela de Maré, no Rio de Janeiro, ao resto da cidade através de um projeto de mobilidade. “Queríamos que as bicicletas fossem populares e acessíveis, como as havaianas, daí o nome”, elucida a diretora do CEiiaA. Da rede de bicicletas à rede social de bicicletas (sim, elas comunicam entre si), foi um passinho. Aquilo que ainda não nos atrevemos imaginar para o futuro, estará provavelmente no CEiia.
“Começámos com um grupo de 15 engenheiros, em 1999. Hoje, 230 pessoas trabalham no CEiiA, grande parte no projeto do Embraer KC390, que nos permitiu ir buscar colegas que estavam no estrangeiro, a trabalhar para a Boeing ou a Airbus, e que até queriam voltar a Portugal, pela qualidade de vida, mesmo que ganhassem menos, mas só faltava um desafio para que pudessem regressar”, resume Helena Silva.
in Dinheirovivo
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