Procissão dos Passos em Leça da Palmeira

Taberna do Pedro

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joaquim_monteiroRealizou-se hoje, 22 de março, mais uma Procissão dos Passos ou, se preferirmos o nome mais completo, a Procissão dos Passos do Senhor.

Esta procissão realiza-se em várias paróquias por esse país fora mas, em Leça da Palmeira, realiza-se sempre no quinto domingo da Quaresma e é já um marco na tradição leceira.

Hoje cumpriu-se a tradição, pelo menos no que à participação popular diz respeito. As ruas por onde passou a procissão estavam apinhadas de gente, o local do discurso (o largo frente à Capela do Corpo Santo) estava cheio e mesmo a «multidão» que seguia a procissão era significativa. Confesso que há muitos anos não via tanta gente a assistir à procissão.

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Contudo, sinal dos tempos de austeridade que vivemos, a tradição já não é o que era. Este ano a procissão não contou com a participação da cavalaria da GNR, nem com as bandas de música. Apenas a fanfarra dos bombeiros fez parte do cortejo processional, abrindo-o.

Mas os cavalos da GNR eram o que mais me impressionava, nos tempos da minha meninice, nas procissões. Ainda recordo o misto de encantamento e de medo que sentia quando, sentado no passeio, para guardar lugar á frente e poder ver bem a procissão, os cavalos passavam por mim, imponentes e majestosos.

Há pouco referi a necessidade de chegar cedo e guardar lugar para ver a procissão. Os tempos eram outros e os passeios dominicais raros, pelo que uma procissão era algo de muito importante. Até vestíamos a “roupa de domingo”.

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Hoje muita coisa mudou e as pessoas que veem passar as procissões são menos. Hoje nem foi o caso, como já referi. Mas hoje aconteceu outra coisa que também me agradou e que também já não via há algum tempo. Quem estava a assistir à procissão não fazia-o com respeito. Infelizmente nem sempre é assim e, muitas vezes, nós que vamos na procissão ouvimos comentários menos próprios de pessoas que ficam incomodadas com os cortes das ruas, vemos pessoas completamente distraídas durante o discurso, a falar alto, a ouvir o relato, a falar ao telemóvel.

Outra diferença entre o passado e o presente prende-se com os participantes. Há uns anos quase que era preciso «meter uma cunha» para que o filho fosse na procissão. Ainda me lembro das avós dizerem às mães: «o catraio é tão bonito, tem de ir de anjinho». Hoje, andam os membros da confraria, atarefados, à procura de crianças para irem na procissão.

Mas de qualquer maneira, a magia que tem a passagem da procissão mantém-se. E hoje foi um bom exemplo disso.

 

Até à próxima semana.

Saudações leceiras

Joaquim Monteiro

(Fotos: José António Modesto)


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