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A Procissão do Senhor dos Passos é uma das mais antigas e históricas procissões do Norte do País
Realiza-se domingo, dia 17 de Março a majestosa procissão do Senhor dos Passos, que anualmente percorre as ruas de Leça da Palmeira debaixo de elevado respeito e devoção.
As cerimónias iniciam-se na sexta-feira, dia 15, com a Via-Sacra e bênção dos andores do Senhor dos Passos e de Nossa Senhora da Soledade, pelas 21h00 na Igreja Paroquial. No final, sairá a imagem de Nossa Senhora das Dores em direção à Capela do Corpo Santo, onde permanecerá até domingo, a aguardar pelo Sermão do Encontro.
O Sermão do Encontro é, sem dúvida, o momento mais esperado da Procissão e o que reúne maior número de fiéis para ouvir o pregador e assistir ao emocionante encontro das imagens do Senhor dos Passos e de sua Mãe – Nossa Senhora da Soledade, no centro da multidão.
No dia 16, sábado, será realizada Missa, na igreja Paroquial com a Celebração da Santa Unção, pelas 16h30.
Procissão do Senhor dos Passos
Domingo, dia 17, haverá Missa Solene do Senhor dos Passos e de Nossa Senhora da Soledade, pelas 15h30 na Igreja Paroquial, seguindo-se de imediato a Procissão (que está prevista iniciar-se às 16h30) cuja organização está a cargo da Real Confraria de Nosso Senhor dos Passos e de Nossa Senhora da Soledade.
As cerimónias religiosas terminam no dia 31, sexta-feira, com a celebração da Missa, na capela de Nossa Senhora da Piedade, pelas 09h30.
Itinerário da Procissão dos Passos
Igreja Paroquial de Leça da Palmeira > Av. dos Combatentes da Grande Guerra > Rua General Humberto Delgado > Rua Dr Albano de Sá Lima > Rua Dr José Domingues de Oliveira (Jardim do Corpo Santo, com Sermão do Encontro) > Rua Heróis de África > Rua Fresca > Av. Dr Antunes Guimarães > Av. Dr Fernando Aroso > Igreja Paroquial.
Lenda do “Sol na Caixa”
Da prática de colocar as arcas de pinho a arejar em Leça da Palmeira, ou como antigamente era conhecida, São Miguel da Palmeira nasceu a lenda do “Sol na caixa”. Lendas são contos tradicionais, com origem na imaginação dos povos através dos tempos, que muitas vezes não se conjugam com a História e, outras vezes, acabam por completá-la.
Corre entre o povo de Leça da Palmeira a versão de que as leceiras levavam a sua irritada ingenuidade até ao ponto de suporem ter o poder sobrenatural de guardar o sol durante o ano, numa caixa de pinho, para que no dia da tradicional procissão do Senhor dos Passos, ele inundasse de luz, de calor e de majestade, as ruas atapetadas de verdura, por onde desfilava o préstito religioso.
Assim sendo, em Leça da Palmeira era muito usual,em dias de sol, pelo Verão, manterem-se abertas, durante algumas horas do dia as “tais arcas ou caixas de pinho velho”, para os panos arejar. Nessa altura, se a madeira das arcas necessitasse, arrastavam-nas para o quintal ou para a porta da rua, dependendo da situação, de maneira a apanhar bem o sol para assoalhar e, depois de bem secas, voltar a utilizar. Desta forma, surgiu por parte das matosinhenses a crença de que as raparigas de Leça guardavam o “sol na caixa”, para o domingo da sua Procissão dos Passos. Para além disso, zombavam das leceiras por essa exibição. No entanto, estas não se deixavam vencer.
Nas vésperas da procissão dos Passos, na freguesia, (quinto domingo da Quaresma) se o tempo se mostrasse mau, chegavam de imediato as dores de barriga às leceiras, pois se chovesse naquele dia tinham de sofrer e ouvir as matosinhenses.
No dia se o tempo continuasse cinzento, abriam logo de manhã as “caixas de pinho” para que o sol saísse, raiasse de tarde, e assim o préstito pudesse desfilar. As leceiras sabiam que a lenda não tinha qualquer influência na meteorologia e aguentavam-se firmes, mas de coração apertado.
A verdade é que foram raras as vezes que a procissão teve que sair no domingo seguinte ou deixou de sair por causa do tempo. Quer a procissão dos passos saísse ou não, no dia seguinte no rio das lavadeiras, havia um espectáculo sem par, pois as matosinhenses haviam de provocar sempre as leceiras, mas a certo momento pegavam-se umas com as outras, chegando mesmo a vias de facto.
Júlia Orquídea