Translate
Este evento de grande magnitude é promovido numa colaboração entre dois municípios, Porto e Matosinhos, com o intuito de se tornar uma plataforma de diálogo entre a sociedade civil, a academia, a indústria e instituições e agentes culturais de âmbito nacional e internacional.
Espera-se que, até 2030, ocorra um défice de 40% na disponibilidade de água em relação à procura. A pergunta que se coloca é: como podemos cuidar daquilo que não compreendemos completamente? A presente edição da Porto Design Biennale apresenta um programa de exposições e outras atividades que abordará simultaneamente os aspetos visíveis e invisíveis da água, explorando os domínios orgânicos, inorgânicos e efémeros deste recurso essencial.
Além de procurar otimizar os usos da água, esta edição da Porto Design Biennale pretende também conceber modelos alternativos de coexistência simbiótica entre seres humanos e outros seres da natureza, visando uma relação mutuamente benéfica e sustentável.
A decorrer entre 19 de outubro e 3 de dezembro, a Porto Design Biennale apresenta o seu programa detalhado, centrando-se no elemento fundamental, a Água, para refletir sobre o papel do Design na emergente questão da sobrevivência ambiental. Com a curadoria de Fernando Brízio, o Programa Principal desta edição engloba uma série de exposições, instalações e conversas que formam uma plataforma transdisciplinar para explorar as diversas dimensões e experiências relacionadas com os recursos hídricos. O programa reúne vozes tanto nacionais como internacionais, promovendo um diálogo que visa moldar futuros mais sustentáveis, equitativos, livres e felizes.
Destacando-se como a exposição principal desta edição, “Petrichor, O Cheiro da Chuva” foi concebida por Fernando Brízio e encontra-se na Casa do Design, em Matosinhos. Esta exposição realça a omnipresença da água, a sua presença e circulação enquanto elemento vital que conecta todos os seres. Através de interfaces de fluido, como válvulas artificiais para o coração, capacetes de mergulho, barcos e outros, bem como espaços de comunicação e interação entre as águas em diferentes estados, são explorados os aspetos cruciais das relações na matéria do mundo.
No Palácio dos Correios, no Porto, a exposição “Ligações” está instalada no 3.º piso, com curadoria de Miguel Vieira Baptista. Esta exposição foi concebida como uma coleção de objetos de produção maioritariamente nacional, partindo de um simples copo de água como elemento central. A água assume um papel central na ligação entre os visitantes e diversos conteúdos, numa exposição que não segue um percurso predefinido.
Também no Porto, no Reservatório de Água Nova Sintra, Joana Pestana e Mariana Pestana propõem a instalação “EdenX 3.0“, uma plataforma digital que explora formas de diálogo entre seres humanos e não humanos sobre os rios, seus constituintes e respetivos direitos. Esta conversa envolverá cerca de 15 participantes online que falarão em nome próprio ou representando outras entidades. A conversa ocorrerá em três fases narrativas, em texto, na língua portuguesa, e poderá ser acompanhada em tempo real ou posteriormente na instalação no Reservatório de Água Nova Sintra ou no site www.edenx.pt.
A exposição “The WaterSchool Classroom: ‘Gabinete de Curiosidades” desenvolvida pelo Studio Makkink & Bey (Roterdão) também está presente no Palacete Viscondes de Balsemão — Gabinete Triplex. Esta exposição apresenta conceções especulativas sobre como o design pode criar formas sustentáveis de uso da água e de vida em comunidade. Duas salas da Galeria da Biodiversidade são transformadas num ‘Gabinete de Curiosidades‘, onde são apresentadas propostas de artistas, arquitetos e designers, incentivando o debate sobre a relação entre habitação, vida e trabalho com base na água e sua utilização.
No Palácio dos Correios, no 7.º piso, Margarida Mendes apresenta a exposição “Catharsis“, que expõe o trabalho de coletivos de pesquisa interdisciplinares, movimentos solidários e ativistas que reportam a partir de diferentes corpos d’água pelo mundo. Estes coletivos estabelecem conexões entre lutas que ocorrem em bacias hidrográficas em várias partes do mundo, defendendo a abolição das fronteiras e privatizações de recursos.
Porto Design Biennale 2023
Nesta edição da Porto Design Biennale 2023, a Galiza (Espanha) é o território em destaque, com curadoria de David Barro. A relação com a água e o oceano é central para a programação deste país vizinho, especialmente considerando a posição atlântica da Galiza e Portugal. O programa “Galiza. Processos e Formas” traça um percurso pelo design galego desde o início do século XX até à atualidade, evidenciando a sua aposta na inovação. A exposição pode ser visitada na Galeria Municipal de Matosinhos ao longo de todo o período da Biennale.
Além das atividades expositivas, a Porto Design Biennale incluirá um programa abrangente de conversas no evento “Aquilégio – Conversas com aqueles que encontram e guardam a água“, reunindo vozes de diversas áreas, desde antropólogos e designers até geólogos, artistas e ativistas. Este programa promoverá diálogos plurais sobre a água e seu papel na sociedade atual.
A Porto Design Biennale 2023 também contará com um conjunto de atividades satélite, selecionadas através de um Open Call, que abordarão a preservação dos recursos hídricos, a descontaminação do solo, as relações de poder globais e a reciclagem de materiais. Entre as dez iniciativas selecionadas, haverá eventos gastronómicos, ciclos de cinema, instalações, performances e até um evento relacionado com o jogo de tabuleiro Petróleo.
Adicionalmente, a programação incluirá uma série de Constelações, eventos com curadoria autónoma que abordarão temas como a obra de Álvaro Siza, o setor do mobiliário, a sustentabilidade e reutilização de materiais.
A Porto Design Biennale tem como objetivo fomentar o debate, reunir diversas perspetivas e estimular o interesse pelo Design, incentivando a inovação e a capacidade de encontrar soluções criativas para desafios coletivos.