Publicidade, informação e autopromoção

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joaquim_monteiroQuem habitualmente assiste às sessões da Assembleia de Freguesia repara, com toda a certeza, que as duas mais interessantes e que provocam mais «discussão» entre os deputados são as que têm na ordem de trabalhos o plano de atividades e orçamento e o relatório e contas.

Nestas assembleias, um dos pontos que normalmente é focado é o item das despesas para publicidade. Há deputados que alertam para o exagero de dinheiro gasto em publicidade e outros que consideram que é pouco para a função de promoção e informação das atividades da Junta de Freguesia.

O mesmo se passa com a Assembleia Municipal e com a Câmara Municipal de Matosinhos.

Não discordo que a Câmara de Matosinhos ou a Junta de Freguesia de Matosinhos e Leça da Palmeira tenham nos seus orçamentos verbas destinadas à publicidade. Bem pelo contrário, defendo que os órgãos autárquicos devem informar os munícipes/fregueses das atividades que desenvolvem e, ao mesmo tempo, promover o município/freguesia junto da restante população. Por isso mesmo considero que os valores aí referenciados tanto podem ser parcos como elevados, dependendo das atividades promovidas e do alcance que as mesmas têm.

Ainda há pouco tempo, no JN, um dos jornais nacionais com maior tiragem, onde também a publicidade não é das mais baratas, a Câmara Municipal de Matosinhos pagou uma página inteira de publicidade para promover as «Comemorações dos 500 anos do foral de Matosinhos». E não foi apenas uma vez, pois pelo menos em dois domingos, em meses diferentes, tal aconteceu.

O mesmo aconteceu com «os Piratas* em Leça, o «mercado romano» em Matosinhos e com «os Templários» em Leça do Balio. Em alguns casos até na televisão passou a publicidade.

Parece-me que as verbas gastas na promoção destes eventos – e noutros que não refiro neste artigo – são mais que justificadas. São atividades que promovem o concelho, atraem visitantes, animam o comércio e a restauração e servem de «divertimento» para a população.

Claro que se os valores apresentados fossem exorbitantes, a minha opinião seria diferente. Mas não é o que tem acontecido nos últimos anos.

A publicidade é fundamental para os órgãos autárquicos, pois é uma das formas de divulgar as ações levadas a cabo e, ao mesmo tempo, manter a população informada sobre o que se vai passando no concelho/freguesia.

E é no aspeto da informação que considero que, quer a Junta de Freguesia, quer a Câmara Municipal, falham. 

Por vezes os nossos órgãos autárquicos preocupam-se mais em usar a publicidade com fins de autopromoção e não de informação.

Ainda hoje, 5 de outubro, no JN, vem uma reportagem sobre os passadiços que, passados 8 meses, continuam desfeitos. Refere-se no artigo que a Câmara Municipal de Matosinhos ficou de prestar informações e não o fez.

Estamos a falar da mesma Câmara que não hesita em mandar sair notícias sobre os assuntos que lhe interessam. Posso dar como exemplo as três ou quatro vezes que já li a notícia dos milhões gastos na reconstrução do parque escolar; as três ou quatro vezes em que já saiu no jornal os milhões com que a Câmara apoia o desporto; ou as três ou quatro vezes em que já saiu a notícia dos milhões que a Petrogal vai investir em obras em Matosinhos. Alguém mais desatento, pode até pensar que são novos investimentos e não os mesmos de sempre, que vão sendo recordados de três em três ou de quatro em quatro meses, com o único objetivo de promover a Câmara e não de prestar uma informação séria aos munícipes.

Quando os assuntos não são abonatórios, a Câmara opta pelo silêncio e já não interessa informar a população.

 

Até à próxima semana.

Saudações leceiras

Joaquim Monteiro


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