Quinta Pedagógica em Matosinhos em risco de fechar portas

uinta Pedagógica Santa Isabel
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Há uma quinta pedagógica em Matosinhos (Guifões), em riscos de fechar, devido à pandemia do novo coronavírus. E há cerca de 20 animais resgatados que correm sérios riscos.

Márcia Maia, a gerente da Quinta Pedagógica Santa Isabel, não sabe o que fazer. “Não quero fechar portas, até porque tenho cerca de 20 animais de resgate, que eu retirei do sítio onde estavam, para terem uma vida melhor, que são criados e tratados com o maior carinho do mundo. Se eu fechar, não sei como vai ser”, conta à Renascença.

Na Quinta Pedagógica Santa Isabel é desenvolvido um conjunto de atividades lúdico-pedagógicas relacionadas com as tarefas do dia-a-dia de uma quinta. Desde o semear e colher, aos cuidados e alimentação de animais. Havia também yoga, mini equitação, festas, “workshops” e campos de férias.

Tudo parou com a chegada da pandemia da Covid-19, que obrigou a fechar portas. Os prejuízos vão-se acumulando, sem que Márcia vislumbre, ainda que ténue, uma luz ao fundo do túnel.

“A renda está a acumular, as alimentações não sei até quando posso garantir, porque, até agora, têm funcionado os apadrinhamentos e os donativos, mas não é uma coisa que dure sempre. Aliás, eu não criei a empresa para viver de donativos, mas, sim, das atividades e do nosso trabalho”, assinala.

“Se isto fosse uma loja qualquer, eu já tinha fechado há muito tempo, talvez logo em março. Mas estou aqui pelos animais que resgatei”, atira.

Os animais da quinta

Na quinta, há “dois burros, um cavalo, três póneis, duas ovelhas, uma cabra, porcos anões, coelhos, porquinhos da Índia, cão, gato” e muito trabalho pela frente. O que tem valido à gerente da Quinta de Santa Isabel é o apoio dos vizinhos.

“Toda a vizinhança tem sido incrível e vêm-me por à porta as frutarias locais, as frutas mais tocadas. Os lavradores têm-me trazido palha, feno”, descreve.

uinta Pedagógica Santa Isabel

Márcia está sozinha na empresa e desdobra-se em trabalhos para que nada falte aos animais: “Tivemos de fazer a quarentena e fechar. Nós trabalhávamos com estagiários, voluntários e freelancers. Neste momento estou sem ninguém, a trabalhar 24 sobre 24 horas, a tratar das alimentações, das higienes, da manutenção da quinta, da horta, da casa, de tudo.”

Márcia Maia diz-se com “a empresa no colo” e sem saber como sair deste imbróglio, apesar de sentir que o projeto é viável” e “estava a ter muita adesão”.

“Não estou a conseguir sobreviver a isto. Não tenho qualquer apoio do Estado, porque não entrámos positivo no final do ano, devido ao inverno rigoroso, com inundações e destruição de algum material”, desabafa.

Atividades são imprescindíveis para a empresa

A gerente da Quinta de Santa Isabel afirma que, “no início de março, a agenda estava completamente lotada com escolas, piqueniques, aniversários, campos de férias da Páscoa, atividades sempre relacionadas com a natureza e o bem-estar dos animais”.

Agora, não sabe quando poderá retomar as atividades e estas são imprescindíveis “para a sobrevivência da empresa”.

“O que for individual tenho mais que espaço para distanciamento social. Agora, praticar desporto de máscaras e luvas vai ser um bocadinho complicado. O que eu fazia não sei como vou poder fazê-lo. Como é que vou juntar agora tão cedo 10 crianças num campo de férias ou fazer uma festa de aniversário com 20 miúdos ou fazer uma feirinha com porta aberta às pessoas?”, questiona-se.

“Vai ser muito complicado eu retomar o trajeto que fiz até agora”, atira, lamentado o desfecho que poderá ter a sua empresa, devido à crise sanitária.

RR


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