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Como previsto e anunciado, hoje, é o início do fim da refinaria de Leça da Palmeira. Segundo avançou o diretor financeiro da Galp, em 26 de abril, a refinaria de Matosinhos encerra em definitivo no final deste mês.
A Galp anunciou em dezembro de 2020 a intenção de concentrar as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos este ano. A decisão é justificada pelas “alterações estruturais dos padrões de consumo de produtos petrolíferos motivados pelo contexto regulatório e pelo contexto covid-19”.
A decisão põe em causa cerca de 450 postos de trabalho diretos e 1.000 indiretos, conforme estimativas dos sindicatos.
Os trabalhadores estão contra. Dos mais de 400 funcionários, um terço já rescindiu contrato. Outros foram deslocados para o sul e os restantes vão ficar a ajudar a desmantelar os equipamentos, já no início de maio.
Impacto na economia local
Fernando Sá Pereira, presidente da Associação Empresarial do Concelho de Matosinhos (AECM), considera este desfecho como uma “espécie de terramoto”, para Matosinhos e para a região Norte.
Com o encerramento, os trabalhadores, muitos dos quais de fora do concelho, deixam de fazer compras, de comer ou dormir em Matosinhos. Falando na “extrema importância” da refinaria para o concelho, o dirigente lembra que o seu fecho significa desemprego, empobrecimento e prejuízo em diferentes negócios, nomeadamente restauração.
Há, no entanto, quem veja “vantagens” no encerramento da refinaria. O desaparecimento da poluição e dos cheiros e um maior “sentimento de segurança” são “as coisas positivas” que Fernanda Lemos, de 54 anos, espera que o fecho da refinaria traga.
Opinião semelhante tem Rui Miguel que, a morar bem perto da refinaria, espera “mesmo” que o encerramento signifique algo melhor para o local, habitantes e ambiente.
Que futuro?
Apesar de ter sido veiculado na comunicação social um potencial interesse de reconversão para refinaria de lítio, oficialmente não se conhecem quaisquer planos de reconversão de atividade, dos trabalhadores, ou projetos de recuperação ambiental.
Para os que trabalham ou colaboram com a Refinaria de Matosinhos a empresa já adiantou que vai “promover as soluções mais adequadas”.
O Governo aponta para o Fundo para a Transição Justa, que “mobiliza verbas destinadas a apoiar regiões da Europa onde existem empresas como a refinaria de Leça. Pensado inicialmente para as zonas mineiras e para as centrais a carvão, este fundo é agora mais abrangente. Oportunamente, o Governo português estendeu os apoios deste Fundo a outros territórios com indústrias poluentes, neles incluindo o concelho de Matosinhos. No âmbito do Plano para a Transição Justa o Governo decidiu, propor a elegibilidade a estes apoios da região onde se encontra a refinaria de Leça da Palmeira. Com este Fundo, com uma verba estimada de 200 milhões de euros para Portugal, será possível proteger os trabalhadores afetados e financiar novos negócios que apoiarão a transição para uma economia neutra em carbono, como os associados à energia renovável, à eficiência energética e à economia circular”.
A Câmara de Matosinhos receia que o espaço se venha a transformar num cemitério industrial e espera que a GALP apresente rapidamente um projeto para a zona. Por outro lado, a presidente da Câmara de Matosinhos tem uma certeza: “o Plano Director Municipal não prevê habitação ali”.
[…] Encontram-se abertas, até ao próximo dia 21 de Junho, as candidaturas ao Fundo de Transição Justa para Matosinhos, um programa integrado no Norte 2030 e destinado a apoiar a diversificação, modernização e reconversão da economia local, na sequência do encerramento da refinaria. […]