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Reabriu ao público a Casa de Chá da Boa Nova, totalmente restaurada, após mais de dois anos de abandono. Reabre como restaurante de luxo, sob a batuta do chefe Rui Paula, um dos mais prestigiados chefes de cozinha de Portugal. Segundo as notícias que saíram na comunicação social, o grande objetivo será o de conseguir uma estrela Michelin, embora não pareça ser uma obsessão.
Não estamos a falar de um restaurante qualquer, pois a Casa de Chá da Boa Nova está classificada como Monumento Nacional desde 2011. Para quem não sabe, recordo que é uma obra do arquiteto Álvaro Siza Vieira, da década de 1950 e que é um dos marcos da sua imensa obra, quer em Portugal, quer no estrangeiro.
Uma casa integrada nas rochas da praia, com uma vista espetacular sobre o mar, a praia e o Porto de Leixões. Não é por acaso que é uma das obras mais visitadas pelos inúmeros turistas que vêm a Leça da Palmeira. O seu enquadramento com a natureza é algo de fenomenal e digno de ser salientado a quem a visita, pois há o risco de um simples visitante não ter a sensibilidade necessária para «ler» e «descobrir» as intenções do arquiteto.
No entanto, quando digo que reabre ao público, não será bem para todo o público, nem para todos os leceiros. A opção de fazer da Casa de Chá um restaurante de prestígio tem outras consequências: o custo das refeições varia entre os 60 (menu Boa Nova) e os 120 euros (menu Atlântico). Claro que não podemos esquecer que a renda que o chefe irá pagar (2000 euros mensais) é elevada e que a lotação do restaurante é de apenas 40 lugares. Já está lotação esgotada para a inauguração e para as semanas seguintes há várias marcações.
Mas se nada tenho a opor relativamente ao custo das refeições, custa-me aceitar que o preço das visitas guiadas à casa sejam de 5 euros por pessoa, o que me parece um pouco exagerado tendo em consideração os tempos que se vivem em termos económicos. Claro que a maioria serão estrangeiros, com outras capacidades económicas e que os custos de renovação do mobiliário da casa, dos candeeiros e da restante decoração foram elevados e que é necessário dar alguma rentabilidade ao projeto. Mas, mesmo assim, parece-me exagerado.
Também não me parecem corretas as obras de beneficiação do espaço circundante à Casa de Chá. Claro que o fecho/abandono forçado da Praia da Senhora muito ajuda, pois sempre são menos os automóveis que pretendem estacionar nessa zona. Mas, de qualquer maneira, não se compreende como, anulando totalmente o estacionamento na zona da capela, apenas se construiu um mini parque de estacionamento «no outro lado da rua».
Falando de Álvaro Siza Vieira, está em «cima da mesa» a possibilidade do acerco deste arquiteto ir para o estrangeiro, nomeadamente para o Canadá. Custa-me a crer que tal venha a acontecer, pois se assim for, a Câmara Municipal de Matosinhos fica muito mal na fotografia.
Não podemos esquecer que há anos que se anda a propagar a criação de um roteiro de Siza Vieira em Matosinhos e que seria acompanhado pela criação de uma espécie de Casa Museu. Agora, fala-se da criação da Casa da Arquitetura, nos terrenos da Real Vinícola e que tudo depende do Tribunal de Contas. Enfim, como afirmei em artigos anteriores, quando as coisas não correm bem, a Câmara Municipal de Matosinhos atira as culpas para terceiros.
Até à próxima semana.
Saudações leceiras
Joaquim Monteiro
Em 1968 passei 3 meses em trabalho na cidade do Porto e ao fim do dia eu e colegas com carro íamos tomar uma bebida á casa de chá que pela sua arquitectura magnifica era apelidada de “casa de chá ao luar de Agosto”.
No fim da estadia jantámos muito bem servidos em louça inglesa e talheres de prata .Não era barato mas nada excessivo.Espero que na reconstrução não tenham retirado a beleza da traça arquitectónica sobretudo as janelas de tipo oriental.