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Começo por pedir desculpa pelo atraso no artigo desta semana, mas estive ocupado no processo eleitoral e não tive oportunidade de o escrever atempadamente.
Tenho uma filha de 17 anos e preocupa-me o seu futuro, pois NÃO É FÁCIL SER JOVEM EM LEÇA DA PALMEIRA.
Comecemos pelos estudos. A Escola Secundária da Boa Nova está no estado lastimoso que todos conhecemos. Não me interessa discutir de quem é a culpa, mas o facto é que as condições oferecidas aos estudantes, professores e assistentes são péssimas. Já conhecia essas condições por comentários de utentes, mas pude constatar pessoalmente da veracidade das mesmas no passado domingo, durante o ato eleitoral.
Por isso, não é de estranhar que a escola tenha cada vez maior dificuldade em angariar alunos, estando em contraciclo com as secundárias vizinhas. Hoje em dia, os encarregados de educação já não se preocupam apenas em ter os filhos nas escolas, também já analisam as condições físicas das mesmas, as notas, as médias de exame. Tudo conta na hora de decidir em que escola se matricula o jovem.
Se o jovem se quer divertir tem de sair de Leça. Não existem em Leça locais de divertimento noturno atrativos. Hoje, quanto muito, os jovens ficam em Leça a beber uns copos e depois dirigem-se para o Porto para as discotecas.
Este facto reflete-se, também na vida económica da freguesia, pois os jovens, como vão para as discotecas no Porto, procuram jantar nessa área de forma a evitar a condução após a refeição.Quem fica a perder são os industriais de restauração que veem as suas casas cada vez mais vazias, e a culpa não é só do IVA a 23%.
E os jovens que têm a sorte de acabar o curso e arranjar trabalho. Querem sair da dependência dos pais e não conseguem. Comprar casa, hoje em dia, é impossível. Não há crédito à habitação. Por isso têm de continuar a morar com os pais.
E os que querem casar e precisam mesmo de casa? Mesmo o aluguer de casa em Leça é caríssimo.
Os jovens têm de sair de Leça, ir morar para os concelhos limítrofes, onde o preço das habitações é muito mais acessível.
Depois somos confrontados com a dura realidade do envelhecimento da população leceira. Sei que alguns dirão que tal se deve à diminuição da natalidade que se verifica em todo o país. Mas a resposta não me satisfaz totalmente. Os jovens casais que saem de Leça vão contribuir para o rejuvenescimento dos concelhos vizinhos.
Será que alguém pensa que é por causa do ar mais saudável que Paredes é o concelho mais jovem do país? Claro que não. É-o porque oferece condições de habitabilidade aos jovens que, neste momento, Leça não oferece.
Porque não há em Leça uma verdadeira política jovem? Porque não existem condições para o arrendamento jovem?
A resposta é fácil: porque os nossos governantes autárquicos não querem. E não é difícil, basta que sigam os exemplos de outros concelhos.
Até à próxima semana.
Saudações leceiras
Joaquim Monteiro
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