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O farol da Boa Nova é indiscutivelmente um símbolo de Leça da Palmeira. É quase impossível falar a alguém que não seja de Leça da Palmeira sobre a «nossa terra» sem o referirmos. A própria Assembleia de Freguesia há uns anos, sob proposta do executivo da Junta, aprovou um novo brasão com o farol em grande destaque. Também o Agrupamento escolar situado em Leça da Palmeira (Agrupamento de Escolas Engenheiro Fernando Pinto de Oliveira) no seu símbolo dá destaque ao farol.
O farol da Boa Nova é o segundo mais alto de Portugal, ficando apenas atrás do da Barra em Ílhavo, Aveiro. Não sei se é pelo facto de o «nosso» estar algo isolado na paisagem, enquanto o da Barra tem habitações nas imediações, mas tenho sempre a sensação de que o «nosso» é maior. Contudo a matemática não falha e o de Leça tem 46 metros de altura e 225 degraus e o de Ílhavo tem 62 metros de altura e 288 degraus.
Inaugurado em 20 de fevereiro de 1927, o farol da Boa Nova veio substituir o farolim com o mesmo nome (Boa Nova) que funcionou entre 1916 e 1926.
É curioso que hoje em dia são muitos os turistas que sobem até ao local onde se localizava o extinto farolim, nas traseiras da Capela de S. Clemente das Penhas (Capela da Boa Nova), aproveitam para tirar umas belíssimas fotografias à paisagem que daí podem observar e não fazem a mínima ideia de que estão no local onde outrora existiu um farolim. Tudo isto apesar de ser bem visível no chão o espaço que o farolim ocupava.
O farol da Boa Nova foi o primeiro farol elétrico a ser construído na região norte do país e tem um alcance de luz de 28 milhas. Até aos anos 80 do século XX teve um sinal sonoro, «a ronca», como era conhecido entre os leceiros, que era um sinal importante para os navios que se aproximavam da costa. Ainda hoje me lembro do seu roncar e das sensações que despertava em nós, na altura crianças ou adolescentes. Fazia-nos viver histórias de magia, de piratas, de viagens deslumbrantes por esse mundo fora.
Nas instalações no farol funcionou até 1962 a Escola de Formação de Faroleiros. Esta escola com uma formação quase exclusivamente prática foi a responsável pela formação de muitos leceiros.
Hoje o farol faz parte de um conjunto maior, a própria marginal, de que falarei num dos próximos artigos. Ao seu lado temos o monumento de homenagem a António Nobre e as ruínas do antigo moinho.
Subir ao farol devia ser um objetivo para todos os leceiros, pelo menos uma vez na vida. E é tão fácil de concretizar.
Enquadrado na rota do recentemente criado Caminho de Santiago pelo Litoral o farol da Boa Nova, tal como a marginal e os monumentos que lhe estão próximos mereciam um maior destaque por parte dos nossos governantes. Muitos dos peregrinos passam por Leça e não se apercebem da beleza e da importância dos monumentos pelos quais passam.
Joaquim Monteiro
Tomo a liberdade de partilhar aqui ligações para quatro fotos minhas que coloquei (entre outras) no sítio National Geographic Your Shot:
http://on.natgeo.com/1kLQGw4
https://on.natgeo.com/2QLcn6h
https://on.natgeo.com/2WlA58q
https://on.natgeo.com/2N176Ta
Obrigado,
João G. Oliveira