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Para os «leceiros de gema» o Titã é algo que faz parte do seu quotidiano. Mas para a maioria dos «novos» leceiros, aqueles que vieram morar para Leça da Palmeira, oriundos de diferentes localidades desse Portugal profundo, o termo Titã não significa nada. Muitos até se acostumaram a vê-lo ao longe, consideram-no parte da paisagem da marginal de Leça, mas não fazem a mínima ideia do que seja e do que representa.
Tenho falado no singular pois agora apenas é visível o Titã do molhe norte, ou seja, o de Leça da Palmeira, mas eram dois os Titãs, um no molhe norte e outro no molhe sul. Acontece que o do lado de Matosinhos está desmontado, amontoado junto ao Senhor do Padrão, visto ter sido desmantelado após o acidente que ocorreu em abril de 2012, que levou à rutura de uma conduta de gás e consequentes explosões e incêndio.
Os Titãs são enormes guindastes (gigantescos ou colossais são os adjetivos mais utilizados e que justificam o termo de titã a eles aplicado), movidos a vapor e que se deslocam sobre carris, vindos de Lille, das então famosas oficinas «Five», para a construção do Porto de Leixões.
O Porto de Leixões começou a ser construído em 13 de julho de 1884, projeto elaborado pelo engenheiro Nogueira Soares, que seria nomeado pelo Estado Português para as funções de fiscalização das obras dirigidas por um engenheiro francês de nome Wiriot.
O projeto consistia na construção de dois grandes paredões (ou molhes), um a norte com a extensão de 1579 metros e outro a sul, com a extensão de 1147 metros. Para além dos molhes construiu-se um quebra-mar, com a altura de um metro acima da linha de água, no molhe norte e que assim prolongava este paredão mais umas centenas de metros, culminando numa plataforma onde estava um farolim.
Para o assentamento dos molhes aproveitaram-se em grande parte os rochedos que existiam no mar e que já davam um bom porto de abrigo natural, os leixões, que viriam a dar o nome ao novo porto. As pedras vieram das pedreiras das áreas circundantes, nomeadamente da de S. Gens (Custóias), que distava cerca de 7 Km, pelo que se construiu um caminho de ferro para o transporte das pedras.
Mas o trabalho mais importante foi efetuado pelos Titãs. Foram eles que permitiram a colocação exata das toneladas de pedras necessárias para a construção dos paredões e o avanço, metro a metro, pelo mar dentro.
Posteriormente foram igualmente importantes na manutenção dos molhes, muitas vezes atacados pela ação tempestuosa do mar.
Hoje o Titã é um símbolo de Leça, à espera de obras de manutenção. Esperemos que não demorem muito, até porque no mundo não há muitos Titãs iguais a estes e os que há são mais pequenos.
Joaquim Monteiro
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Por se falar no Titã «titan» faço esta pergunta: Como é ou foi possivel ter mudado o nome da praia do Titã de Leça da Palmeira para Matosinhos, sendo esta sempre conhecida como a Praia Nova.