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Se falarmos em «Forte de Nossa Senhora das Neves» com toda a certeza que mais de 90% das pessoas, mesmo de Leça da Palmeira, não saberão a que nos estamos a referir. Contudo, se em vez de «Forte de Nossa Senhora das Neves» falamos no «Castelo de Leça», quase todos saberão a que nos estamos a referir.
A própria toponímia leceira nos remete para o «Castelo». Temos a “Viela do Castelo”, a “Rampa do Castelo», o “Largo do Castelo”.
Os estabelecimentos circundantes também nos remetem para o «Castelo». Não é por acaso que temos (ou tivemos) restaurantes e/ou bares denominados “Costa do Castelo”, “Arquinho do Castelo”, “Flor do Castelo”, “Degrau do castelo”.
Mas, na realidade, estamos «apenas» perante um exemplar de uma fortificação, edificada no século XVII, com o objetivo de defender a costa portuguesa dos ataques dos piratas e corsários (que vinham sobretudo do Mediterrâneo e da costa africana, embora também viessem alguns de outros países europeus que tinham aspirações imperialistas) e da ameaça castelhana (que era constante).
A construção deste forte, no século XVII, enquadra-se numa política defensiva levada a cabo em grande parte da costa portuguesa, sendo similar às fortificações construídas em Vila do Conde, Póvoa de Varzim e Vila Nova de Cerveira. Ainda mais perto de nós, temos o Castelo do Queijo (Forte S. Francisco Xavier do Queijo) e o Forte da Foz (Forte de S. João Batista da Foz), que juntamente com o de Leça da Palmeira foram fundamentais na defesa das costas portuguesas após a Restauração da Independência em 1640.
Castelo de Leça – imóvel de interesse público desde 1961
Relativamente ao nome «Nossa Senhora das Neves» também são poucas as pessoas que sabem o porquê desse nome. Não havendo uma justificação escrita, atribui-se tal nome à nau «Senhora das Neves» que, duzentos anos antes, trouxe de Coimbra para Leça da Palmeira a estátua da Nossa Senhora da Conceição, feita por Diogo Pires, «O Velho», estátua essa que é uma das obras mais valiosas, senão mesmo a mais valiosa, que se encontra na igreja matriz de Leça da Palmeira.
Certo é que é normal os fortes terem nomes de santos, de forma a aumentar o sentimento de segurança das pessoas e dos soldados que os defendiam.
Hoje está ao serviço da Capitania do Porto de Leixões e é considerado imóvel de interesse público desde 1961. Nas redondezas deste forte efetua-se a recriação «Os Piratas», normalmente em julho, que traz a Leça da Palmeira muitos visitantes. Não esqueçamos que os piratas e tudo o que a eles está associado fazem parte do nosso imaginário fantástico e atraem «graúdos e miúdos».
Por: Joaquim Monteiro
Fico perplexo que tenham autorizado umas construções clandestinas dentro do Forte de Nossa Senhora das Neves nuim edifício que é património classificado peço s monumentos nacionais. Destoam, ficam visíveis do exterior e retiram a traça inicial. São umas excrecências horríveis.
Toda a zona envolvente ao forte N.Sra. das Neves devia ser zona pedonal. Para os carros que tal um parque subterrâneo.
Bom dia: Obrigado por dar a conhecer a história deste forte (castelo) de Leça da Palmeira. Lamento muito é que um imóvel destes esteja na mão da capitania e não posso ser um espaço aberto permanentemente à comunidade.
Gostaria de o ver sem aquelas aberrações cobertas do famoso amianto cancerígeno que tanto se apregoa. Parece-me que a instituição aqui sediada podia perfeitamente ocupar um outro qualquer espaço em Leça da Palmeira (av. marginal onde funcionam serviços marítimos, INEM, protecção civil, ou num edifício ao lado da capela de Santa Catarina) Entristece quem vê aquele lindo monumento pleno de história estar assim a servir um organismo que adulterou com materiais nocivos para a saúde pública. O seviço ali prestado podia perfeitamente funcionar noutro local.
Só nesta nossa terra é que não se dá outro aproveitamento ao forte e como muito bem disse acima no seu texto existem aqui junto de nós outros monumentos destes mas que são abertos ao público e tem outras funções e que estão abertos.
Acho que por parte dos nosso dirigentes municipais nunca olharam bem para esta pequena joia de Leça da Palmeira e não lhe deram o seu devido valor.
Por exemplo o forte de S.Francisco Xavier, vulgo do Queijo está lá sediada a Associação dos Comandos, no Forte de S.João da Foz está a IDN, em Vila do Conde existe um Hotel, restaurante e bar. Na Póvoa o forte, mesmo ao lado do casino está adaptado a bar com esplanada. Todos estão abertos ao público e mantem a traça original.
Gostaria de ver algum empenho em libertar este lindo Forte de Nossa Senhora das Neves.
Obrigado.
Mário Fleming