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As obras de recuperação da Capela do Corpo Santo têm dado alguma celeuma, tendo mesmo sido notícia na comunicação social.
A capela, tal como outras de Leça da Palmeira, necessitava de obras urgentes. O expectável era que a população leceira ficasse feliz com a realização da empreitada, até porque cada dia que passava significava o agravar da situação da capela. Daí não entender o ruído feito em torno das obras.
É certo que longe vai o tempo em que os padres eram as pessoas mais cultas, ou mesmo as únicas pessoas cultas em determinada terra e, por isso, a sua opinião era como se fosse lei.
Hoje, o acesso à cultura massificou-se e temos «letrados» em todas as terras. Até mesmo as novas tecnologias, com a internet à cabeça, permitem a qualquer pessoa o acesso a informação privilegiada sobre os mais variados assuntos. Talvez por isso o pensamento dos padres não tenha a mesma «força de lei» que tinha no passado.
Mas também é verdade que hoje em dia ninguém manda executar uma obra de restauro sem pedir a opinião de empresas especializadas no ramo. E no que respeita à Igreja e às obras sacras muito menos.
Ainda me lembro dos meus tempos de estudante universitário onde ouvia histórias de padres que, em aldeias transmontanas, haviam mandado pintar de amarelo retábulos de talha dourada pois consideravam que os mesmos estavam sujos.
Nos dias de hoje, é impensável que tal aconteça em qualquer parte do país. Portugal é um país com excelentes historiadores de arte e com empresas especializadas em restauro de renome mundial. Algumas das nossas universidades estão entre as melhores do mundo.
Por tudo o que tem sido exposto na comunicação social e nas redes sociais foram elaborados estudos que comprovam a necessidade das obras na capela e que mostram a impossibilidade de conservar a pedra sem a rebocar.
Mais, tem sido afirmado que empresas especializadas em história da arte e em restauro assumem que a capela original tinha reboco, característica que seria comum à época da sua construção.
Por isso não entendo esta discussão que se tem desenvolvido.
Mas mesmo que assim não fosse, mesmo que a capela original tivesse a pedra à mostra, estando esta a degradar-se, qual será a melhor opção: manter a pedra à mostra mesmo que isto implicasse a destruição total da capela a médio prazo, ou rebocá-la, garantindo assim que a capela, memória da devoção e do esforço das gentes do mar, continue a existir por muitos e longos anos?
Até à próxima semana.
Saudações leceiras
Joaquim Monteiro
Vai ser lindo daqui a 50 ou 100 anos ver os Castelos de Guimarães, Feira, S.Jorge e outros mais, todos rebocadinhos e pintadinhos às cores, mas mesmo assim “mantendo a traça original”.
Também fiquei a saber que discordar das ideias dos mandantes é ser “iluminado”. Julguei ter direito a opinião.
Como diria Galileu: mas que ficava mais bonita com a pedra à vista… ficava.
Carlos Vinhal
Leça da Palmeira
Provávelmente, resultado da minha ignorância, por aquilo que compreendo, os próximos passos serão “rebocar” a Torre dos Cérigos, o Mosteiro da Batalha, etc. etc.
Creio que foi devido a “iluminados” deste género, que a Foz do Douro continua a ter a MAGNIFICA MARGINAL que tem, enquanto que Leça da Palmeira viu a sua marginal completamente descaracterizada, em menos de 50 anos, mas sempre “avalizada” por Técnicos “Letrados” e “Iluminados”.
Obrigado bom Deus por me manteres na “escuridão”….
Bom Pastor