Translate
Começo por pedir desculpa aos habituais leitores destas minhas crónicas, principalmente aos leceiros, por me desviar do tema principal de todas as crónicas: Leça da Palmeira. Contudo, após ter lido alguns comentários a respeito da hipotética transladação de Manoel de Oliveira para o Panteão Nacional não consegui resistir e quero aproveitar este espaço para deixar a minha modesta opinião.
O comentário que me chamou a atenção foi a de alguém que propunha a criação de um panteão no norte para as individualidades nortenhas.
Considero tal proposta uma autentica aberração.
Confesso que, embora não afincadamente, sou um defensor da regionalização. Sei que é um debate há muito adiado e que a breve prazo voltará à agenda política nacional. E sou defensor da regionalização porque acredito que é uma forma de responder de forma mais célere e eficaz às necessidades das populações.
Aliás, defendo que a melhor forma de governação passa pela descentralização a vários níveis e não pelo sistema centralizado que temos em Portugal. Daí agradarem-me as atuais medidas que estão a ser levadas a cabo em vista à descentralização de poderes com o chamado Programa Aproximar.
Não defendo acerrimamente a regionalização pois temo que alguns a utilizarão para dividir e não para unir.
Em Espanha temos um exemplo do que a regionalização pode ter de negativo. Não existe o espírito nacional e vemos o que se passa em algumas regiões.
Em Portugal pelo contrário, sempre houve um sentido de união, de país único. Todos sabemos que existe uma enorme desigualdade entre o litoral e o interior, mas ninguém questiona qualquer medida que seja tomada para beneficiar uma parte em detrimento de outra, com vista a combater essa desigualdade.
Por isso não entendo este provincialismo de apelar à criação de um Panteão para o Norte. Já há uns anos alguém dizia que o norte é uma nação; agora alguém comprou o Porto Canal para dar voz ao norte. Mas isso é mesmo necessário? Por acaso o norte não tem voz? Não vejo que os canais generalistas nacionais privilegiam mais o sul que o norte.
Eu nasci em Leça da Palmeira, no norte e sempre vivi e trabalhei no norte. Respeito muito o norte e as gentes do norte. Por vezes sinto que os políticos descuram o norte, mas são casos pontuais que não justificam uma divisão.
Portugal é uno e sou português e com muito orgulho.
Até à próxima semana.
Saudações leceiras
Joaquim Monteiro
Comentar