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Ao ler hoje o Jornal de Notícias vi uma pequena notícia referente à criação dos zeladores da cidade em Matosinhos. Segundo ela, os zeladores serão voluntários que estarão atentos aos problemas existentes na via pública, indicando-os à Junta para resolução. Ainda segundo a notícia, a autarquia refere que «serão os nossos olhos no terreno reportando-nos, com maior celeridade e eficácia, situações anómalas».
Tudo isto me parece óbvio e não creio que haja alguém de bom senso que possa questionar a pertinência da existência desta figura no quotidiano da nossa cidade.
Creio, no entanto, que a notícia deveria ser mais rigorosa, já que os zeladores da cidade não estão a ser criados agora, já existiram no passado recente. Por outro lado, ao referir que a Assembleia de Freguesia aprovou esta medida, deveria ser referido que todos os deputados a votaram favoravelmente, mas destacaram alguns aspetos que são fundamentais.
Em primeiro lugar destacaram a inexistência de um Regulamento que defina o perfil dos zeladores, os seus direitos e deveres. A tudo isto acresce a necessidade de existência de um seguro de responsabilidade civil a que todos os zeladores deveriam ter acesso.
Tudo isto porque o executivo da Junta, uma vez mais, com o amadorismo que o caracteriza, apresentou apenas um plano de intenções e não um projeto completo, para que a Assembleia de Freguesia pudesse decidir.
Desde logo, as intenções do executivo da Junta são ir muito mais além do simples cidadão leceiro que passando por certas zonas vê algo e o reporta à Junta. Pretende dar aos zeladores um kit, que incluirá um colete, fardamento, utensílios diversos, como lanterna e ferramentas, telemóvel, botas, luvas de proteção, mapas e cartão identificativo.
Considerando o material que consta deste kit surge a dúvida: o que pretenderá a Junta dos zeladores? Botas!? Farda!? Lanterna!?
Será que os zeladores da cidade passarão a ser os novos «pequenos vagabundos» que se enfiavam em túneis secretos para deslindar segredos obscuros dos senhores do mal?!
Não esqueçamos que os zeladores serão voluntários e mesmo o voluntariado está sujeito a regras definidas por lei. Em primeiro lugar, porque nem todos o podem ser e, em segundo lugar, ninguém pode ser voluntário em causa própria. A título de exemplo refiro aquele que conheço melhor que é o da educação. Nem todos podem ser voluntários para trabalhar com as crianças e é do mais elementar bom senso que não se coloque uma avó a fazer voluntariado na escola dos netos, pois mais cedo ou mais tarde irá agir em causa própria e não em função do bem comum.
Até à próxima semana.
Saudações leceiras
Joaquim Monteiro
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