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[h3]A zona histórica de Leça está decadente, triste, deserta, escura, com casas devolutas e/ou abandonadas e outras construções sem enquadramento arquitectónico.[/h3]
Confesso que não era este o tem que tinha pensado para esta semana. No entanto, andando a navegar pela nova página do sítio leca-palmeira.com – que aliás, está espetacular e deve ser recomendado a todos os nossos amigos e conhecidos – esta semana descobri os vídeos que estão na zona inferior. Adorei a música dos FRYO, grupo que não conhecia – e agradeço ao sítio a oportunidade de conhecer mais uma banda leceira – e fiquei fascinado e, ao mesmo tempo, triste, com o vídeo «Realidade».
Foi este vídeo que me fez alterar o assunto da minha crónica semanal. O poema de Álvaro de Campos é bonito e as imagens são ilustrativas da zona histórica de Leça, mostram a «realidade» desta zona de Leça que devia ser o ex-libris da nossa cidade.
No entanto, o que as imagens mostram é uma zona histórica decadente, triste, deserta, escura, com casas devolutas e/ou abandonadas e outras construções completamente desadequadas, sem qualquer enquadramento arquitetónico. E AS IMAGENS NÃO MENTEM, ESTA É A REALIDADE DA ZONA HISTÓRICA DE LEÇA DA PALMEIRA.
Contudo, tudo podia ser diferente! Existe legislação mais que suficiente para permitir a recuperação das casas nesta zona histórica. Existem programas de apoio aos proprietários e programas de apoio ao poder local para substituir a inércia dos proprietários.
Se em Matosinhos pouco ou nada se fez a culpa é da Câmara Municipal de Matosinhos e das respetivas Juntas de Freguesia, neste caso, a de Leça da Palmeira. O poder autárquico fez apostas erradas, despovoou a zona histórica deslocalizando a população para os novos bairros socias a norte da freguesia e criou uma empresa municipal para tratar dos assuntos das habitações, a Matosinhos Habit, mas que pouco faz.
Se um proprietário procurar informações na Matosinhos Habit sobre os programas de apoio à reabilitação urbana sai de lá a saber o mesmo.
Como disse, a Câmara Municipal de Matosinhos com as suas opções politicas desertificou a zona histórica deslocalizando a população residente para bairros socias situados a norte da freguesia: Bataria e Monte Espinho. Em apenas 2 anos (2004 e 2005) construiu 2 bairros sociais na zona do Monte Espinho, com 183 casas, para residentes da zona histórica de Leça da Palmeira. O segundo bairro construído, o do Monte Espinho, custou mais de 7 milhões e 750 mil euros, o que deu 71.759€ por habitação.
Com esta verba por habitação, era possível requalificar a zona histórica sem deslocalizar a população e assim continuar a mante-la como área residencial.
Outra forma de reabilitar a zona histórica era torna-la atrativa para os jovens e famílias, através de incentivos fiscais e da criação de áreas comerciais que servissem de âncora à criação de novos investimentos nesta área.
Poderia apresentar aqui muitas outras propostas de medidas concretas para a reabilitação urbana, mas não há necessidade. Existem muitos concelhos que são um bom exemplo de requalificação urbana e podem ser exemplo para Matosinhos, desde que os políticos assim queiram. Como estamos a aproximar-nos de uma campanha eleitoral autárquica, pode ser que os políticos resolvam apostar verdadeiramente na requalificação urbana.
Até à próxima semana.
Saudações leceiras
Joaquim Monteiro
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